Biografia do MCK
BIOGRAFIA: Nasceu em 1982 em Luanda, ganhou notoriedade. A guarda
pretoriana de José Eduardo dos Santos matou, a 26 de Novembro de 2003,
Arsénio Sebastião "Cherokee", 27 anos, por cantar "A téknica, as kausas e
as konsekuências" de MCK, também conhecida como o "Sei lá o quê, uáué".
Por sua vez, Cherokee tornou-se num símbolo da injustiça em Angola,
onde o poder mata cidadãos, como quem abate coelhos numa caçada
desportiva, e com satisfação.
Esse facto trouxe à tona a insustentável leveza do poder. Uma ditadura
de mais de um quarto de século estremece ao som improvisado da verdade. A
estrofe "quem fala a verdade vai p'ro caixão", acabou por ser o único
elo de entendimento entre o cantor, a vítima e os carrascos (o poder).
o rapper MCKappa (ou MCK) é uma espécie de voz quase solitária em sua
Angola. Por suas letras virem carregadas de denúncias sociais e
alertando para a democracia ditatorial imposta em seu país, MCK já
sofreu ameaças. Já o quiseram calar. Mas ele não se intimidou. “A música
é um instrumento de luta”, prega na abertura de seu CD Nutrição
Espiritual (Masta K Produsons), o segundo da carreira. Nela, ele defende
ainda que o rap angolano tem de trazer a própria identidade, a própria
cara, “a fotografia da voz”.
“Para que imitar o 50 Cent?”, chega a questionar. Segundo ele, em
Angola, não existem muitos rappers nessa linha mais revolucionária.
Grande parte deles prefere continuar a copiar o modelo de rapper criado
pelo americano, que exalta as festas, as mulheres.
Em cada faixa, MCK traça um pouco do retrato de quem vive na favela
angolana - que não é muito diferente da realidade de quem mora na favela
de qualquer lugar do mundo. Por isso, as agruras contadas e rimadas por
ele se tornam tão universais. Em Atrás do Prejuízo, fala da luta diária
por trabalho, por sobrevivência. “Eu vou sorrir pra não chorar é mais
um dia na minha vida”, diz no refrão.
Alerta que a democracia não cai do céu em O Silêncio também Fala, numa
referência direta aos governantes de Angola, onde a liberdade de
expressão é controlada e o totalitarismo, velado. Longe de ser um rap de
entretenimento, desses que ouvimos a toda hora nas rádio, Nutrição
Espiritual é um CD de letras diretas, fortes. Não indicado para
estômagos sensíveis.
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