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Entrevista do Mano Brown para a Revista CULT

Endrigo Chiri Braz
Foto: Daryan Dornelles
CULT: Qual sua memória musical mais antiga, o primeiro som que lembra que bateu forte quando era moleque?
MANO BROWN: Acho que foi aquele som que eu fiz “Vida Loka − Parte 1” [musica do disco Nada como um dia após o outro dia, de 2002] em cima, do Liverpool Express, “You are my love”. É um som que lembro que gostei há bastante tempo.
Que idade você tinha?
Tinha uns seis anos, estava no colégio interno, por isso que eu lembrei.
E que tipo de som rolava na sua casa? Era uma casa musical?
Na minha casa não tinha aparelho de som nessa fase, e eu estava no colégio interno. Quando voltei pra casa, minha mãe tinha um dois em um, era AM e toca-discos, pequenininho. Faz tempo isso aí… nos anos 70 a gente não tinha quase nada.
Com quantos anos você voltou pra casa?
Com oito e meio, quase nove.
E que extrato tira desse período de colégio interno?
Eu tenho TOC de arrumação até hoje [risos]. Se o tênis estiver torto, tenho que arrumar. A roupa, a toalha, a roupa de cama, tem que estar tudo dobrado. É herança de lá isso aí.
Por que o Pedro Paulo decidiu virar rapper?
Não foi bem uma decisão, começou como uma brincadeira. Eu estava sem fazer nada, desempregado e tal, e não tinha nada que chamasse a atenção de ninguém também. Quando começou essa onda de rap, nos bailes, a gente começou a ouvir falar nas rádios, e ouvi falar que estava tendo um concurso, mas não participei. Só fui participar do terceiro concurso, quando fiz minha primeira letra. Era uma grande brincadeira, coisa de festa, de moleque. Uma coisa de você poder subir no palco e chamar a atenção das minas, no máximo; não tinha uma pretensão de “ah, vou fazer a revolução”. Com dezessete pra dezoito anos você não pensa nessas coisas, não naquela época.
Quanto tempo depois surgiu o Mano Brown pra valer?
Não muito depois… Eu também não tinha muito a perder, e nem tinha pra onde ir, certo? Com a terceira música que fiz ganhei um concurso no salão, e despertou uma certa cobiça a partir daí, de pensar um pouco maior. Ganhar o concurso era pouca coisa mas também não era nada. Depois a gente estava na São Bento [estação do metrô de São Paulo que foi berço do hip hop brasileiro no final dos anos 1980] e fomos convidado pra entrar no lugar de um cara que tinha faltado na gravação de uma fita demo. Eu cantava sempre no latão da São Bento, comecei a fazer fama ali, aí o cara da demo chegou perguntando: “Quem são os caras do Capão que rimam pra caralho?”. Aí apontaram pra mim e foi assim que aconteceu. A gente foi num apartamento no Edifício Copan e chegando lá estavam o KL Jay, o Edi Rock, Os Gêmeos, que eram uma dupla de rap [famosa dupla de grafiteiros paulistanos], e a gente gravou aquela demo, que não foi pra frente. Na época eu cantava com o Ice Blue, e o Edi Rock e o KL Jay eram uma outra dupla.
E sua mãe? No começo ela gostava?
Escondi da minha mãe um bom tempo. Aí passou um tempão, apareci em casa com um disco gravado e mostrei pra ela, que nem sabia que eu cantava.
Você já tinha parado de estudar nessa época?
Já tinha. Fazia tempo.
Então não é que você estava trocando uma coisa pela outra…
É. Eu podia estar fazendo coisa errada, né? Daí eu fui gravar música. Quando minha mãe viu minha cara no disco, ela não acreditou.
Você achava que o Racionais chegaria onde está ou foi muito além?

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