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Fâ escreve carta aberta para o rapper moçambicano AZAGAIA pedindo sua volta ao rap




CARTA ABERTA PARA O MÚSICO AZAGAIA

Edson da Luz é teu nome oficial. Popularmente és conhecido por Azagaia, mas eu prefiro chamar-te “mano Aza”, como carinhosamente tens sido tratado pelos teus admiradores. 
Permita-me, antes de mais nada, endereçar-lhe os meus cumprimentos e deixar ficar os meus votos rápidas melhoras.

Mano Aza, há muito que pretendia escrever-te para dizer-te certas coisas que tu precisas saber, mas não sabia por onde começar. Nessa sequência de acontecimentos que o nosso país tem enfrentado, confesso sentir saudades não só das tuas músicas, mas também do conteúdo lírico nelas abordado. Daí que me veio inspiração para escrever-te esta humilde carta. Tentei fazer isso de forma privada (enviando-lhe via inbox), mas dá para notar que esta não chegou ao teu alcance. Daí que resolvi navegar na onda das cartas abertas. Tu já falaste tantas verdades, penso eu que agora seja tua vez de ouvir algumas.

Sou um simples cidadão moçambicano, amante de música de qualquer que seja o estilo musical, desde que tenha um conteúdo decente e um rítmo agradável aos meus ouvidos. Sou, também, admirador do seu talento musical, dentre outras tuas tantas qualidades que irei citar ao longo desta carta.
Conheci-te no álbum Siavuma do grupo musical Dinastia Bantu, onde tu e o MC Escudo representavam uma grande arma do Rap/Hip-Hop moçambicano. Na altura entendia muito pouco sobre os conteúdos que caracterizavam vossas músicas, mas mesmo assim gostava das vossas músicas. Algum tempo depois, ouvi a tua música “As Mentiras da Verdade” e perguntei-me: “quem é esse gajo páh?!!”. Meses depois de ter me informado sobre ti, vi o vídeo clip da música “A Marcha” e logo de seguida decidi procurar pelo álbum “Babalaze”. Um álbum com muita crítica dirigida aos regimes políticos moçambicanos e africanos. Coisas que muita gente tinha ou tem receio de dizer, tu abordas nos temas desse álbum. Recentemente, fizeste o lançamento do álbum “Cubaliwa” que serviu simplesmente para convencer aqueles que ainda não te tinham como admirador. Neste álbum, tu associas os rítmos locais com o Rap/Hip-Hop, fazendo assim uma harmonia musical espectacular carregada de críticas à nossa geração. Muitos acharam que não voltarias depois das polémicas que o “Babalaze” causou, mas tu os provaste o contrário com mais maturidade.

É assim, mano Aza: tu és um daqueles cidadãos que se preocupa com o estado da sua nação. Tu és um daqueles poucos jovens que não se preocupa só em beber e “txilar”. Tu lês, estudas e te informas sobre o teu país e o mundo. Tu és um daqueles homens com “testículos no lugar”. Tu és uma daquelas pessoas que decidiu morrer por aquilo que acredita. Tu és um daqueles jovens que Moçambique precisa multiplicar. Tu és um daqueles jovens moçambicanos que eu gostaria de ser, mas não estou munido da mesma coragem que a tua. Tu és um daqueles poucos músicos moçambicanos da nova geração que admiro. E não te admiro simplesmente pelo teu talento musical, admiro-te pela capacidade que tu tens de combinar esse teu talento com os problemas que a nossa sociedade enfrenta de forma a despertá-la e convidá-la a lutar para resolver tais problemas.

Não foste tu quem disse que é da geração dos combatentes e intervenientes, não dos obedientes e convenientes? Não foste tu quem nos lembrou que é da geração da liderança, daqueles que perde a vida e só depois a esperança? Não foste tu quem ensinou a juventude moçambicana que esta não é pequena demais para a briga? Não foste tu quem colocou o povo moçambicano no poder? Então mano Aza, você dirige o povo ao poder e depois os abandona? Arrriii!!! Mas estás a ver o que é isso???!!!

Eu sei que por causa das tuas músicas, muitas foram as portas que se fecharam à sua frente. Sei, também, que passaste por “maus bocados” pelos conteúdos abordados nas tuas músicas. Mas já era de esperar, pois não? Numa sociedade em que os que pensam e agem diferente são tidos como oposição, não era de esperar esse tipo de atitude? Julgo eu que tu já sabias, de antemão, das consequências dos seus actos mesmo antes de começares com as tuas batalhas. Até porque na música “Calaste” tu deixaste muito claro que “quanto mais perto da verdade, mais perto da funerária”. Até acho que deverias dar graças à Deus por ainda estar a respirar, pois não?

Sei que tudo isso compara-se ao papel do personagem Charles interpretado pelo rapper 2 Caras, mas não chega a ser. Pois, julgo eu que ser “teu Charles” vai muito além de um simples admirador das tuas músicas e da tua personalidade. Para mim, ser “teu Charles” implica compactuar com as tuas ideologias e aceitar as mudanças que nos propões nas músicas “Minha Geração”, “Miss e Mister Moçambique”, “Subir na Vida”, “Começa em ti”, etc.

Não quero, com isso, criticar-te e muito menos colocar-te “contra parede”. Quero, porém, dizer-te o seguinte: MANO AZA, RECOPERA LOGO! SAIA LOGO DESSA CAMA E CONTINUE COM A SUA CAMINHADA! VOLTE A DESPERTAR ESSA JUVENTUDE COMO SEMPRE O FIZESTE! VOLTE A FAZER AQUILO QUE MAIS GOSTAS DE FAZER!
Sem mais de momento, despeço-me na expectativa de voltar a testemunhar o seu regresso o mais breve possível. Não só para te aplaudir, mas para também me juntar a ti nessa luta que é de todos moçambicanos.

Povo no poder!
Forte abraço.

por Realdo Dias

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