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Antes um ambiente majoritariamente masculino, o hip-hop agora é lugar de mulheres fortes

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A partir de hoje, o Coletivo DasMina realiza duas ações integradas na semana do Dia Internacional da Mulher: O Feme (Festival de Mulheres no Graffiti) e o Festival Mulheres no Hip-Hop.
Durante o Feme, grafiteiras capixabas e de diversas outras regiões do Brasil realizarão uma série de pinturas em muros selecionados na região da Poligonal 1 (Consolação, Gurigica, São Benedito, Itararé, Bonfim e da Penha; comunidades de Jaburu, Constantino, Floresta e Engenharia), em Vitória.
Já no próximo sábado (12), a pracinha de Itararé, também em Vitória, será palco de um festival que reunirá os quatro elementos da cultura hip-hop: break, DJ, MC e grafite.
O festival conta apresentações musicais de dois nomes de destaque no cenário atual: Melanina MCs e Preta Root’s.
Formado por Geeh MC, Loli MC, Mary Jane e Afari MC, o Melanina MCs está na correria do cenário capixaba de rap há três anos.
Conhecidas por suas letras que retratam a realidade da juventude, o grupo tem lutado para conquistar seu espaço em um cenário formado majoritariamente por homens e se mantém firmes no rap underground.
Desde 2013, as meninas se apresentam em diversos eventos locais e de porte nacional. O foco atual do grupo está na gravação do EP “Tesouro Escondido”, que terá oito faixas e será lançado ainda neste ano.
“Acho que fizemos uma mudança na cabeça das próprias mulheres, que antes iam mais como ouvintes do que como representantes nos eventos do movimento hip-hop. Isso nos faz continuar com o nosso trabalho, por ver que as meninas se animam com a representatividade”, conta Bruna, uma das Melanina MCs.
Também destaque do festival, o Preta Root’s está na atividade há nove anos na cena capixaba. Para Rayssa e Dayane (P Drita), o grupo surgiu da vontade de expor os pontos de vista das mulheres sobre a violência e o extermínio da juventude negra.
P Drita, acostumada a frequentar os espaços do cenário hip-hop em uma época em que, como dito anteriormente, as mulheres eram mais ouvintes do que protagonistas, vê uma conquista gradativa de espaço da mulher e acredita que a construção de um festival voltado às mulheres irá consolidar a conquista.
“Acho que a gente já tem uma visibilidade bem grande lá fora. O Espírito Santo é visto como um Estado ativo no hip-hop, e, tendo um festival assim, as mulheres vão conquistar mais espaço ainda”, pondera Drita.
Com letras que denunciam assuntos como relacionamentos abusivos e violência doméstica, a dupla possui dois vídeo clipes lançados e atualmente se encontra no processo de finalização do novo EP, com previsão de lançamento para maio. Para o show de sábado, P Drita promete apresentar as faixas do novo material.
O Festival Mulheres no Hip-Hop também contará com MC Fenix, Rissiane Queiroz, DJs Deb Schulz, Thais Apolinário e Luisa Aguiar, além de dançarinas convidadas e o grupo Conexão Flow.
E para quem gosta de rimar mas nunca teve coragem de subir ao palco, o evento terá microfone aberto e batalha de MCs com premiação em dinheiro para a vencedora – Naira Valente será a mestre de cerimônia.
As rimas dão o tom, mas não são as únicas atrações – o festival terá grafite por MLS e Bia, “rolê” de skate, varal fotográfico e uma Feira Feminista organizada pelo Coletivo Femenina.
Resistência
Como não se viam inseridas na cena do rap, muitas mulheres acabavam desistindo diante das dificuldades. Afinal, não é nada fácil ser uma mulher em um espaço dominado por homens. “Eu acho que nas década de 1980 e 90, as mulheres participavam da cultura mas não tinham a discussão política. De uma maneira geral, as mulheres procuram ter uma ação muito mais politizada e politizadora atualmente. No meio hip-hop, muitas mulheres são produtoras. Sem elas muitas coisas não iriam acontecer. As mulheres podem não ser a maioria quantitativamente, mas elas representam qualitativamente”, conta Pandora Da Luz, militante no cenário do hip-hop capixaba desde meados dos anos 1980.
A solução, então, foi a união, o coletivo. À época da formação do Coletivo DasMina, as mulheres se viam em um cenário onde a presença feminina era escassa. Como conta Maria Eduarda, uma de suas integrantes, o grupo surgiu com o objetivo de inserir e empoderar mulheres no cenário da arte urbana. “Ser mulher no espaço urbano não é tão fácil devido à grande violência existente. Vivemos no Estado que mais mata mulheres, e isso cerceia nossa liberdade. Fora a questão da cena do grafite, que ainda tem maioria de homens”.
MLS, também do coletivo, explica que a presença feminina nestes espaços demandava resistência enorme. “Com o coletivo uma mina incentiva a outra. Diante de tanto medo, muitas vezes nos vemos desmotivadas e desanimadas em pintar”.
Para Leal MC, é uma questão de força. “Devemos mostrar nossa força também. Por que só homem pode fazer sucesso?”, questiona.
Apesar das dificuldades, as mulheres resistem ocupando as ruas e se expressando artisticamente, de forma coletiva ou não.
ca207032016gz151911.jpgPandora Da Luz
Ativista
Pandora milita no cenário hip-hop capixaba desde os anos 1980. A presidente da Nação Hip Hop Brasil também milita nos movimento negros, LGBT e em prol da emancipação da mulher negra. Cabeleireira e com formação em moda, Pandora é curadora da Casa da Barão, espaço multicultural no Centro de Vitória e atualmente escreve um livro sobre o hip-hop e a moda no Estado pela editora LiteraRua.
ca207032016gz151851.jpgLeal MC
MC
Nova no cenário, Leal começou a batalhar no ano passado, mas já compunha raps antes. Seu primeiro contato com o hip-hop foi na Batalha da Ponte, que acontece aos domingos, próximo à Terceira Ponte, em Vila Velha. Neste ano, a MC lançou suas duas faixas de estreia pela PR GangueRecords, disponibilizadas em seu canal no YouTube. Neste ano, Leal pretende gravar mais singles e lançar um EP, unindo os raps às suas composições mais acústicas.
ca207032016gz151811.jpgKeka Florencio
Grafiteira
Integrante da FG Crew (Força Graffitacional Crew) e da União Nacional Crew, Jessyka Florencio dos Santos grafita desde 2009. Seu estilo é reconhecido por suas personagens femininas, misturando elementos que lembram a fragilidade e resistência da vida de uma mulher. Ano passado, recebeu o prêmio Destaque na Cultura Hip Hop do ano de 2015, no prêmio de Destaques do Ano na cultura Hip Hop.
ca207032016gz151751.jpgMLS
Grafiteira
Estudante de Comunicação Social, Camila Dias conheceu o grafite em 2007, no Projeto Circuito Cultural, em Vitória. Então com 13 anos, se afastou das ruas pois não se sentia segura para pintar –para Camilla é importante ressaltar que ser mulher e estar na rua não é fácil. A artista mantém seu foco nas letras do estilo “throw up”, representado por letras arredondadas, rápidas e com poucas cores.
Festival mulheres no hip-hop
Quando: sábado (12), a partir das 16 horas.
Onde: Praça Luiz Coser Neto, Itararé, Vitória.
Atrações: MC Fenix, Preta
Root’s, Melanina MCs; performance de Rissiane Queiroz; DJs Deb Schulz, Thais Apolinário e Luisa Aguiar; dançarinas convidadas e Conexão Flow; grafite por MLS e Bia; batalha de MCs; microfone aberto; rolê de skate e varal fotográfico por Rolê das Mina; stand de sprays e tintas; feira feminista com Coletivo Feminina.
Entrada gratuita.
Informações: (27) 3026-1556.

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