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Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha vai além do encontro do eletrônico com o rap


 
Foram as derivas sonoras multiétnicas do músico e artista visual Craca Beatque o levaram ao encontro do manifesto político-poético da MC Dani Nega. Desta parceria, surge o álbum inédito Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha (2016): um convite a um mergulho sensorial no oceano artístico dos universos desses dois artistas.

O disco de estreia da dupla propõe um repertório de grande força autoral em seus discursos e tessituras, com o som aliado ao videomapping que Craca - alter ego do produtor musical Felipe Julián - vem apresentando desde 2013.
Segundo Craca, Tralha é uma rede de pesca a qual geralmente prendem-se galhos, algas, sujeira e cacarecos deixados pela presença humana no substrato dos mares e rios. Craca arrasta sua tralha incorporado nesse homem-crustáceo, personagem sem nação, imigrante, clandestino que recolhe e coleciona fragmentos étnicos do mundo para temperar seu ensopado audiovisual, cujo objetivo maior reside em fazer humanos dançar.
Seu som, de matriz eletrônica, é produzido a partir de instrumentos tradicionais tocados de forma não convencional ou de dispositivos eletrônicos e traquitanas criadas pelo próprio músico. A esta sonoridade incomum e altamente dançante soma-se a voz firme e o discurso claro da atriz e MC Dani Nega, disparando versos sobre feminismo, racismo, política e amor. O álbum resulta, assim, em um trabalho ao mesmo tempo híbrido e ímpar.
As faixas instrumentais “Thorácica” e “Vintage Sci-Fi” abrem o disco, trazendo um mix de chill out music, cumbia, coco e afrobeat.
Na sequência, Dani Nega chega com sua voz suave e certeira para louvar as musas em “O Cantar” e, em seguida, adentrar à festa com o clima funk 70 das flautas de “Sou Preto Mesmo”, uma irônica reflexão sobre a inconsciente apropriação cultural daqueles que  “vestem o turbante, colam nos black... mas a polícia não para não”.
Atenção para as músicas “Preta Velha” e “Coxo Mole”, mosaicos bem carregados no tempero brasileiro. Em “Sonhos de Criança”, a MC embala o público na poesia dos seus sonhos, trazendo das profundezas de seu oceano pessoal tudo aquilo que lhe é precioso.
Imaginem só o que pode acontecer quando uma mulher fortalecida resolve reagir contra toda a opressão”. “Papo Reto” é para aqueles que não temem uma “preta muito perigosa”. Clímax político do disco, essa canção de punhos erguidos convoca as mulheres à luta contra o machismo com o peso de uma capoeira trip-hop eletrônica.
“Lama Seca”, “Cuidado!” e “Marujada” encerram esta volta ao mundo dentro da rede poética e dançante de Craca e Dani Nega.

Em tempos de revoluções, Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha é certamente um trabalho amplo e transmidiático que, como a tralha de uma grande enxurrada de ideias e ideais, arrasta para dentro de si a marca dos dias atuais, que são complexos, amorosos, festivos e políticos.
 
FICHA TÉCNICA:
Composto e produzido por: Craca Beat
Vocais: Dani Nega
Letras: Dani Nega
Mixado por: Ricardo Mosca (exceto Thorácica, mixada por Craca)
Materizado por: Felipe Tichauer @ Red Traxx Mastering
Baixos, samplers, arpegiators, guitarra, violasintetizadores: Craca Beat
Samples e sintetizadores adicionais: Jovem Palerosi
Zabumba: Arnaldo Nardo
Trombone e Flauta: Gil Duarte
Samples adicionais: Freesound.org
Samples adicionais de berimbau: Gilberto Assis

Faixas:
1- Thorácica
2- Vintage Sci-Fi
3- O Cantar
4- Sou Preto Mesmo
5- Preta Velha
6- Coxo Mole
7- Sonhos de Criança
8- Papo Reto
9- Lama Seca
10- Cuidado!
11- Marujada 
OUÇA Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha:
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Deezer
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OUÇA Faixa a Faixa exclusivo para a Deezer Brasil



Sobre Craca
Não é a toa que suas performances são um oceano para os sentidos humanos. Para os olhos, Craca realiza projeções mapeadas em tempo real - imagens e cenas exibidas simultaneamente que se encaixam na arquitetura dos espaços - profundamente inspirado pelos experimentos do pré-cinema (como as sequências fotográficas de E. Muybridge ou o documentarismo de Jean Painleve), antigos desenhos animados vintage e filmes sci-fi com direito a monstros submarinos e sereias assassinas, ao mesmo tempo que, para os ouvidos, as sincroniza com um híbrido som eletrônico de genes brasileiros, o qual chama de “cracabeat”.
Desde 2013 o artista já levou seu trabalho a festivais culturais renomados como a SIM São Paulo, Contato, Virada Cultural e festas do meio underground como Voodoohop, Calefação Tropicaos, Free Beats, Cósmica, Avonts, Barulho.org e TrendBeats.
Durante 10 anos o músico circulou o Brasil e a Europa integrando o projeto coletivo Axial, com quem ganhou o Troféu Catavento na categoria de Música Experimental e o Prêmio Ney Mesquita, que contempla projetos de cunho inédito e inovador.
A tecnologia estilo “do it yourself” é marca das instalações e shows do Craca, que cada vez mais dialogam com performances de live cinema, chegando a ser considerado um dos importantes shows de 2014 pelo site especializado NowLoading.

Sobre Dani Nega

Dani atuou junto a importantes coletivos de teatro, com destaque para o pioneiro Núcleo Bartolomeu de Depoimentos - grupo que une o teatro épico à linguagem hip hop -, onde pôde desenvolver sua linguagem de atriz-MC. Foi apresentadora de programas de TV e no cinema trabalhou como atriz no longa-metragem “A Invasão de 76”, com direção de Ricardo Aidar.

Com voz doce e poderosa e discurso simultaneamente poético e político, Danieli Lima da Silva é tiro certo da música brasileira para os próximos anos e metralha flores aos que não temem uma “preta muito poderosa”.

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