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Poesias de Sérgio Vaz chegam aos muros da periferia de São Paulo


Da Rede Brasil Atual
Por Gisele Brito
“Enquanto eles capitalizam a realidade, eu socializo meus sonhos.” Se a frase já causa impacto aqui, imagine em uma viela no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. A frase é do poeta Sérgio Vaz, cofundador da Cooperifa, que comemora, neste ano, 25 anos de poesia, arte que pode ser encontrada pelos muros do Capão, Parque Lago, Jardim Ângela e vários bairros da região. Quinhentos lambe-lambes com 11 frases diferentes são colados em paredes, pontos de ônibus e pontes locais.
O projeto foi idealizado pela designer Silvana Martins e faz parte de uma série de homenagens ao poeta. “Ele é uma referência na região. Um expoente. Colamos quase a metade. Tem muita gente ligando pedindo para levar a outros lugares, outras regiões e até outros estados”, conta Silvana.
Por enquanto, só os moradores dos bairros escolhidos pelo projeto têm acesso ao livro a céu aberto. Mas a proposta é que, em um segundo momento, o alcance possa ser expandido. A ideia foi elaborada junto com Sérgio, que queria divulgar o trabalho de maneira democrática. “São bairros que frequento, onde vou nas escolas. É um jeito de retribuir o carinho que recebo. No caminhar, elas vão ter acesso, vão poder refletir”, afirma.
“Para a colocação na maioria dos muros, a gente pede autorização para os donos e é muito legal, porque os que aceitam ficam muito felizes. Não é uma coisa que emporcalha", explica Silvana. “Mas as outras, grudadas em pontos de ônibus e pontes já foram cobertos. Tem essa coisa do efêmero mesmo”, diz, ciente de que o projeto tem um quê de contraventor, ao desrespeitar a Lei Cidade Limpa. "Se os que capitalizam a realidade vendendo ouro e shows podem, por que os que compartilham sonhos não?", completa.
Em breve também estarão nas ruas 100 mil cartões postais com textos de Sérgio com apoio da editoral Global. “Nesses 25 anos, aprendi que a poesia não pode ficar presa nos livros. Tem que ir pra rua, pras praças, pros bares. A palavra tem força. Essa revolução cultural que vive a periferia tem tudo a ver com essa força da palavra falada”,  defende o poeta, referindo-se aos saraus, eventos em que as pessoas leem produções ou textos que as sensibilizam e que são também espaços de articulação e formação política.
O da Cooperifa, por exemplo, foi o que deu visibilidade a Vaz e ocorre toda quarta-feira, no bar do Zé Batidão, na Chácara Santana. Já Silvana articula o Sarau da Ademar, na Cidade Ademar, também na zona sul.

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