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CHH Entrevista -Essência "Representa o som de Joinville"

O grupo Essência mostra a face do Rap feito além do eixo. Seu primeiro trabalho é o CD “Até os Confins da Terra”, álbum que transita entre o Rap, a MPB e o R&B. Abaixo, em entrevista exclusiva ao CHH, o grupo Essência fala sobre o Hip-Hop de sua cidade, aborda a falta de organização e união entre os artistas e revela quais são seus próximos projetos.

Central Hip-Hop (CHH): Como foi o processo de produção e a conciliação  das diversas influências do grupo? O que cada produtor trouxe de si para contribuir para o trabalho?
Essência:
Quando resolvemos lançar o CD “Até os Confins da Terra”, queríamos fazer algo diferente no Rap nacional, então buscamos várias influências musicais e produtores que, não sendo conhecidos na cena, fizessem algo mais com a nossa cara, tirando aquele rótulo que para o CD ficar bom você tem que produzir com fulano de tal. Então pegamos alguns produtores da nossa cidade como DJ Fabio, do grupo Vibe Soul, que produziu a instrumental da música “Adeus Você”, pegamos o Lucas Lef, que em nossa cidade está se destacando muito e, com certeza, pelo talento que ele tem, logo estará produzindo para fora também. Nesse período, Loko Sul, um dos integrantes do grupo, resolveu somar e produziu muita coisa para esse disco. Como nós já tínhamos um produtor de SP, que é o DJ MAX Nos Beats, ele também produziu muita coisa para nós, então cada produtor trouxe o seu estilo e tudo ajudou. Agora está aí o CD “Até os Confins da Terra”, um álbum com muita influência musical, são 17 faixas, um CD que vai de Arlindo Cruz até Toni Tornado.

CHH:
O que o Essência apresenta de renovação na cena Rap brasileira? O Rap do grupo pode ultrapassar as fronteiras do estilo?
Essência: Trazemos um novo estilo, uma nova cara, somos um grupo que você pode apresentar aos gangstas e aos under ao mesmo tempo, trazemos a voz poderosa de J.Anny, uma mulher sempre se destaca, principalmente por estar no Rap. Formamos um grupo com muita personalidade, vendo a música brasileira hoje, você percebe que ela está carente, você não vê mais ser lançado alguém como Jorge Ben, TIM Maia etc. São poucos talentos que estão se destacando, com certeza nosso Rap pode ultrapassar fronteiras. Joinville é uma cidade onde a cultura é 100% alemã, aí você já tira a conclusão: o preconceito é 1000 vezes maior, mesmo assim, com nosso CD, nós já estamos em todos meios de comunicação local da cidade, como a TV. As músicas tocam nas duas maiores rádio da cidade, na Mais FM (103,1), na Rádio Atlântida, que é a maior do Sul do Brasil. Acreditamos que logo estará em todo solo brasileiro, trabalhamos com humildade, mas sempre de cabeça erguida.

CHH: Suas rimas falam sobre amor, respeito e positividade. Até que ponto isso se perdeu no Rap brasileiro e gringo? Qual a importância da diversidade dos discursos e estilos estéticos no Hip-Hop?
Essência:
Falar de amor, de respeito, de positividade. Isso muita gente fala, o problema é viver tudo isso. Além de falar, tentamos viver o amor um pelo outro, o respeito, tentamos falar coisas boas, se a pessoa vai num show seu, onde você fala nada com nada, uma monte de palavrão, prega um monte de coisa ruim, ainda mais no Rap, sendo que você sabe que o verdadeiro público que o Rap tem são aqueles que passam mais veneno, aqueles que precisam de informação, que trazem na bagagem uma certa revolta e tal. Você precisa passar algo de bom pra aquele mano ou pra aquela mina que espera ouvir algo de você. Tentamos fazer os jovens abandonarem toda aquela revolta trazida para o show, para voltarem pra casa numa boa. E eu ainda vejo o Rap brasileiro como uma grande esperança de revolução, de mudança, alguns se desvirtuaram por dinheiro, por mulheres...sei lá o motivo... Não estou criticando, mas acredito que temos que ganhar dinheiro, afinal isso é trabalho. Acho que tudo depende do que você procura, tem cara hoje que é MC de balada, animador de festa, tem grupo que faz show, tem grupo que faz músicas falando só de mulher, tem grupo que faz Rap falando da quebrada. Como dizem que o Rap é a liberdade de expressão, não vejo mal algum o cara fala de mulher, se é aquilo que ele quer expressar no momento. Se o artista quer fala da quebrada, também é valido, tudo é evolução, é só ouvir a música do Seu Jorge com Racionais, tudo é evolução, são momentos que a vida oferece. Acredito que o Rap nacional ou gringo ainda não se perderam muito.

CHH: Como é o Rap em seu estado?
Essência: Eu não tenho muito conhecimento do Rap em Santa Catarina, conheço alguns grupos de fora, mas não tenho muito conhecimento. O que posso falar é de minha cidade. Em Joinville, o Rap está se fortalecendo agora, mas não acontece uma união sincera entre os grupos, parece disputa, uma competição. Com tudo isso, moramos na maior cidade do estado, onde não tem uma festa de Rap por mês, creio que o motivo seja a desunião entre os grupos e a falta de apoio. Aqui eles não vestem a camisa Rap nacional, cada um veste a camisa de seu grupo, me coloco nesse meio também, mas já estamos mudando isso, essa atitude não nos leva e nem leva o Rap a lugar nenhum. Para melhorar, fizemos parceria com alguns grupos, parcerias sinceras. Há pouco tempo saiu uma coletânea com os grupos daqui da cidade, então já está havendo mudanças. Temos uma casa de Hip-Hop aqui, a Casa Chhai, onde acontece encontros todos os sábados, representando os quatro elementos da cultura de rua, um projeto bem diversificado e bom para cidade, onde muitas crianças participam.

CHH:
O que vocês acham destes conceitos: "Rap Verdadeiro", "Raiz do Rap", "Essência do Hip-Hop"? O que significam?
Essência:
Acho que todo conceito que envolve o nome Rap tem que ser verdadeiro, tem que ser de raiz e tem que ser essencial. Verdadeiro porque o Rap prega a verdade, também denuncia os problemas, luta por igualdade. A raiz é tudo certo pra todo começo, tem que ter uma raiz, uma certa influência, alguém teve que dar a cara a tapa pros policiais, pros governantes, esse é o conceito de raiz para nós. Agora, sobre a essência do Hip-Hop, acho que todo MC, todo grafiteiro, todo B.boy, todo DJ, todos eles são a essência do Hip-Hop.

CHH: Vocês estão fazendo shows? Qual a forma de apresentação do grupo? Vocês agregam outros instrumentos aos toca-discos? Usam tecnologia Serato?
Essência:
Estamos tocando sim, graças a Deus, começou a aparecer bastante shows, por enquanto tudo em nossa cidade e algumas em outras regiões de SC. Nosso show é bem diversificado, eclético, pra fazer a rápa dançar musica de negro, é dançante... É bem nessa pegada. Não agregamos nenhum instrumento, nossa tecnologia não é a do Serato, usamos algo novo, um pouco mais inovador, o Xponet, um aparelho simples, pequeno, fácil de montar e com a mesma qualidade e função dos toca-discos MK 2.

CHH:
Quais os próximos projetos do grupo?
Essência:
Vamos trabalhar muito na divulgação do “Até os Confins da Terra”, tentaremos distribuí-lo para outras regiões, principalmente em São Paulo, estamos montando um projeto para um videoclipe, mas só iremos executar em 2010, aí podemos tentar disputar algumas premiações como Hutuz e VMB. Já temos duas musicas novas, que já estão tocando nas rádios e circulando pela internet. Esses são nossos projetos para 2010. Queria agradecer pela oportunidade e pelo espaço. Também peço encarecidamente que não nos abandone, o Hip-Hop em Joinville está crescendo monstruosamente. Mando um abraço a toda rápa do Rap.



By Central do Hip Hop ( Ex BocadaForte)

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