Negro Em Foco - Sarará Crioula " Sandra de Sá

Ao completar 30 anos de carreira, cantora reafirma sua total AfricaNatividade

Africana na descendência, "crioleba" de corpo e alma, a artista brasileira que marcou a MPB com o hino da negritude faz uma declaração de amor à sua raça e a convoca à luta no mês em que se comemora a abolição da escravatura. Da época em que debutou para a Música Popular Brasileira - mais precisamente no festival MPB 80, da TV Globo, interpretando Demônio Colorido - até este ano, em que completa trinta 'primaveras' de carreira, Sandra de Sá nunca mereceu tanto, como agora, ser definida pelo título da música da banda de rock brasileira Titãs: Tudo ao mesmo tempo agora!

Pode crer!", a cantora confirma, abreviadamente. Em seguida, faz um gesto com os braços como se tivesse a força física de um titã e solta uma deliciosa gargalhada! "Tô podendo, mesmo!", emenda, comentando com a habitual irreverência e simpatia o elogio sobre sua intensa atuação fora e dentro dos palcos, em projetos dos mais diversos. Todos acontecendo (ou sendo planejados) "ao mesmo tempo agora" e tendo em comum aquilo que Sandra de Sá mais parece reverenciar em sua identidade: a valorização da negritude.

Compreensível, quando se trata de uma carioca da gema, nascida e criada em Pilares, numa família com um contingente expressivo de músicos negros talentosos. Muitos deles instrumentistas de bandas que animavam as festas dos subúrbios cariocas e que ensinaram notas, tons e acordes à Sandra Cristina Frederico de Sá, estimulando-a a tocar desde criança. DNA negro e musical! Aliás, quando o assunto é herança genética, a cantora e compositora não deixa passar. "Em qualquer ocasião eu falo do resultado da pesquisa da BBC Brasil, que me deu 96,7 de DNA africano. Tenho um orgulho do cacete disso! Divulgar isto também é uma forma de luta", diz, em tom entusiasmado nesta entrevista exclusiva concedida à RAÇA BRASIL, num amplo e bem decorado apartamento em Copacabana, zona Sul do Rio de Janeiro.

"Nós, os criolebas , precisamos estar juntos para nos fortalecer. E nos perguntar : por que uma minoria consegue ser um rolo compressor em cima de uma maioria?"

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