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Parteum fala sobre mágica da operação

Parteum e Suissac
Parteum e KL Jay
Parteum e Kamau
Parteum e Kamau
Mzuri Sana
Artista maduro e conectado aos avanços tecnológicos, Parteum conhece bem os processos do mercado fonográfico, por esse motivo,o MC e produtor sabe ficar a margem do modismo. Por conhecer os meandros da mídia do elogio, não é totalmente pautado pelo presente. Parteum, em entrevista ao Bocada Forte, fala sobre sua mais recente mixtape "Magus Operandi", revela suas influências literárias e músicais, aborda a importância de sua família e dá sua opinião sobre o recente trabalho de Kanye West.

Bocada Forte (BF): Esta é sua sexta mixtape. Está óbvio que não existe uma fórmula imutável para sua criação. Como você começou a compor e produzir as canções de Magus Operandi? O nome da mixtape foi seu fio condutor?

Parteum: O nome surgiu depois. Eu costumo pensar em nomes no final do processo. Magus é a intersecção entre o que já gravei para o próximo disco do Mzuri e as experimentações para o meu segundo álbum solo. É a porta entreaberta, a mixtape não é polida como um álbum.

BF: Magus Operandi está carregada de experimentações com timbres eletrônicos.Esse fato reflete uma transição na sua obra e define parte do que será seu próximo disco solo?

Parteum: Eu uso timbres eletrônicos desde as primeiras bases que fiz. Se você ouvir o instrumental do 7º Volume da Enciclopédia Letra H, gravado em 1999, perceberá que os leads, pads e strings das bibliotecas da Roland, por exemplo, já estavam ali. Hoje tenho acesso à timbres melhores, conversores (AD-DA) melhores, teclados mais robustos... E conheço bem melhor o equipamento que uso.

BF: O que influencia o trabalho do MC Parteum?

Parteum: As obras de escribas como Machado de Assis, Descartes, Philip K. Dick, William Gibson... os filmes de Richard Linklater, David Mamet, Sidney Lumet, Spike Lee, Irmãos Cohen, Marc Foster... A vida (e os filmes) de Sidney Poitier, a vida do meu avô Francisco Benedito, seriados de Ficção Científica... A música de A Tribe Called Quest, Slum Village, Nas, De La Soul, Herbie Hancock, Miles Davis, Radiohead, Nação Zumbi, Tom Zé, Beto Villares, Siba, Maurício Takara, Ivan Lins, João Bosco, Moacir Santos, Candeia... As longas conversas com pessoas que amo, as indispensáveis sessões de skate com os amigos, até minha fixação por smartphones tem sido influência.

BF: Seu Rap é diferenciado. Magus Operandi é prova disso. Para você, quais os artistas da cena nacional fazem algo semelhante?

Parteum: Já faz tempo, na real não presto atenção (de verdade) na cena desde os tempos que trabalhei no departamento de Hip-Hop da Trama. Não dá pra evoluir, enquanto artista, olhando para o lado o tempo todo. Gosto das produções do DJ Luciano, o Secreto está fazendo umas coisas novas. Também ouvi algo interessante de um menino de Minas, Psilosamples. Tem bastante gente fazendo música interessante, é claro, mas quando percebo qualquer semelhança com o que faço perco interesse.

BF: O que você acha do último trabalho de Kanye West? Existe uma postura contestadora nessa Obra? Há algum paralelo, na questão da contestação estética, entre o CD de Kanye e Magus Operandi?

Parteum: Achei bom, estava ouvindo 808´s & Heartbreak quando recebi seu email. Não sei se é contestação, na verdade um molde é quebrado e um outro é estabelecido. Existem três linhas de interesse: a música apresentada, o poder da "máquina" Roc-a-fella/Def Jam/Universal associada à uma estrela (Kanye), e o resultado desses esforços na pior crise do mercado fonográfico. Tudo importa, o design sem ruído da capa, que tem a ver com a produção mais minimalista do disco, as ações de marketing... Mas se tivermos de falar dessa união entre música eletrônica, Auto-Tune e "dor de amor", é preciso lembrar do começo do rap. É preciso lembrar do disco do Kraftwerk que o Afrika Bambaataa, Arthur Baker e John Robie samplearam em "Planet Rock", da união de Herbie Hancock e Bill Laswell em 83 para a gravação de "Rockit", dos discos do Zapp, dos refrões do TJ Swan nos sons do Biz Markie e MC Shan, do R&B eletrônico (e classudo) de grupos como Surface, Shalamar, SOS Band, The Jacksons, Stevie Wonder... das loucuras do Parliament/Funkadelic. Para falar do Kanye, vou ter de falar de muitos outros artistas. A idéia de fazer um álbum pautado por uma desilusão amorosa, por exemplo, me faz lembrar de Marvin Gaye. Um álbum do ano passado que emociona bem mais é The Renaissance do Q-Tip.

BF: Foi lento o processo de mixagem de Magus Operandi?

Parteum: Não. Quando terminei a composição das faixas corri até o Atelier pra mixar. Costumo gravar uma versão no meu estúdio, abrir as sessões no Vander pra ver a qualidade da captação, quando é necessário regravo algo por lá. Eu tinha a mixtape pronta em julho, mas acabei mudando algumas músicas, refazendo outras para o álbum. Quando percebi já era novembro.

BF: Fale sobre as participações da mixtape.

Parteum: Contei com a participação da Joana Brito (minha amiga/professora de piano) em A Moral Provisória, uma das faixas que vai para o álbum. Suissac e Secreto (meus irmãos do Mzuri Sana) em Enigma e Mwendeleo, Rick (ao telefone) e Kamau em Dominium Remixus. Um outro amigo, Jardel Giúdice, dirigiu o vídeo para A Bagunça das Gavetas (Ao Vivo) no CCJ. Existe uma secção multimídia no CD, o vídeo está lá.

BF: Quais fronteiras você acha que já cruzou com sua obra?

Parteum: É tudo tão imediato hoje em dia, o Stevie Wonder, por exemplo, criou clássicos lá pelo 11º ano de carreira. É lógico que ele fez música inesquecível antes, mas os discos que saltam aos olhos foram feitos de 1972 pra frente. Trazendo a conversa pra nossa esfera, o De La Soul cruzou fronteiras, eu estou engatinhando.

BF: Algum livro inspirou a feitura de uma canção de Magus Operandi?

Parteum: As idéias nunca vem de um único lugar, mas é possível que O Grande Truque, filme de Christopher Nolan (Memento, Insomnia, Batman Begins e The Dark Knight), tenha me feito voltar a escrever diariamente. Esse exercício ocasionou uma mudança sutil nas rimas, não na estrutura, mas no caminho das idéias.

BF: O que você leva desta nova tecnologia musical para os palcos?

Parteum: Quando é possível levo um teclado e um sequenciador, mas nem penso que isso enriquece o show. A experimentação em estúdio só é levada para o palco (com fidelidade) quando o orçamento ajuda. Essa é a próxima fase do jogo.

BF: Quais são seus outros projetos? Quando sai seu próximo CD solo e o Cd do seu grupo?

Parteum: Tem um bebê pra chegar aqui em casa logo mais, então colocar meu novo álbum e o DVD do Mzuri Sana na rua (finalmente!) fecha o ciclo dos primeiros dez anos da minha carreira musical. Devo produzir algumas faixas para o Sujeito Homem 3 ainda esse ano... Eu não sou bom com datas e prazos, mas sei que vou passar o ano trabalhando. São 3 da manhã e acabo de chegar em casa, estava acompanhando a finalização de uma série de camisetas que lanço em breve. Às 9 tenho a mixagem de uma trilha pra começar... O projeto é só esse: Fazer música o tempo todo, honrar pai e mãe e ser feliz entre uma dor de cabeça e outra.

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Creditos::BocadaForte
Por: DJ Cortecertu

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