Header Ads Widget

VMB da discórdia [Por Eduardo Ribas]

Wanessa e Ja Rule levaram o rap (?) ao palco do VMB - Divulgação

#fail?por Eduardo Ribas e Carol Patrocinio

Nós assistimos ao Vídeo Music Brasil, acompanhamos todos os momentos de revolta e, assim como você, ficamos desapontados – assim como o Neo encontrando o Arquiteto (Matrix Reloaded) – mas depois voltamos ao mundo real e lembramos que essa é a grande mídia, a votação é do público e a audiência é feita basicamente por adolescentes.

Pior do que o VMB, só o Rio de Janeiro ter ganho a disputa para sediar as Olimpíadas de 2016!

Por que o MV Bill ganhou o prêmio na categoria RAP?
MV Bill é hoje um dos MC’s brasileiros que mais aparece na mídia, ao lado de Marcelo D2, quer você goste/concorde ou não, tanto a sua música como seu trabalho social permitem que o trabalho do “Mensageiro da Verdade” seja mais difundido e como a votação foi feita pela internet… Ligue os pontos.

Além disso, o rapeiro tem feito inúmeros shows pelo Brasil e levando seu nome para os mais diversos lugares. Se fizermos uma comparação com os outros prêmios que a MTV entregou, a lógica é a mesma: os artistas com mais visibilidade tiveram mais votos e ganharam o prêmio. Então, nenhuma novidade.

Parabéns ao MV Bill, que ainda entregou um prêmio e fez uma apresentação bem legal no pré-VMB – se a gente não levar em conta a plateia formada por adolescentes do rock que batiam palminhas enquanto ele rimava.

Ao rap, as migalhas?
Algumas pessoas que acompanham ou fazem parte da cultura hip hop olharam a premiação da MTV como uma entrega de migalhas ao rap nacional. A afirmação é totalmente compreensível, visto que, indicado em cinco categorias, o rap apenas saiu vitorioso na categoria que só poderia dar o rap! As três indicações de Emicida e a indicação de Marcelo D2, acabaram ficando para outros grupos.

Cabe aqui uma observação: Vale recordar que, na verdade, o prêmio do rap para o rap seria o Hutúz, não o VMB.

Mas isso não deve ser visto como algo apenas negativo. A indicação dos MC’s/grupos na categoria rap, e no caso especial de Emicida, indicado também como aposta e melhor clipe, podem trazer mais visibilidade ao trabalho dessas pessoas. A curiosidade pode fazer com que pessoas que nunca ouviram falar no Kamau, por exemplo, busquem por suas músicas.

É claro que as perspectivas não são boas, uma vez que as pessoas que gostam de músicas variadas, geralmente, buscam com mais frequência pelo novo e pelo diferente. As pessoas que buscam música pelo rádio ou pela TV, acabam geralmente sendo direcionados pela chamada “cultura de massas”. Mas no rebanho sempre existe uma ovelha esperando para ser salva; o foco é chegar nessa ovelha!

Por que a decepção com o VMB?
Muita gente depositou esperança nos prêmios que poderiam ser conquistados por representantes do rap, até pelo fato da MTV não ter incluído sequer a categoria de “ritmo e poesia” nas últimas duas edições. Órfãos do Yo! e crentes em uma mudança de pensamento ou atitude, os fãs do gênero musical não devem se sentir lesados ou levianos por terem acreditado. Se a esperança de que algo fora do script pudesse ter acontecido não existisse, então muita gente não se daria ao trabalho de sequer fazer um videoclipe.

A maioria dos rimadores, dos que trabalham pelo rap e lutam para seu crescimento o faz por amor, por acreditar que a saída para os problemas está na cultura, na liberdade, na mudança do cenário atual. A ideia é sempre crer em tempos melhores, mesmo observando o mundo de um modo cético. Acreditar é uma das poucas coisas as quais podemos nos agarrar, não é o momento de achar que não vale a pena ter esperança.

Por que o EMICIDA não levou nenhum prêmio?
Se a MTV tivesse dado um prêmio ao Emicida, estaria dando um tiro em seu próprio pé. Por quê? Explicamos. A maioria esmagadora dos vencedores dos prêmios possuem contratos com grandes gravadoras, que investem muito em cada banda. Premiar um artista independente do rap, que vende suas mix a R$2, faz show a preços populares e que, segundo a Folha de S. Paulo é “empreendedor”, seria dar um exemplo de que é possível chegar ali sem precisar das tais gravadoras.

Lembrando, nesse caso, a música é tratada como negócio. Por trás da premiação há patrocínios, cobranças, comerciais e intervalos caríssimos e uma indústria musical que ainda está repensando como “vender” música, tendo a internet como principal “vilã” para impedir seus planos.

Mas, e agora?
É possível que no ano que vem o rap permaceça com espaço na Music TeleVision, isso permitiria que clipes como o do Slim Rimografia, DBS, Funkero, Casa di Caboclo e tantos outros recém-lançados entrem na programação.

A perspectiva em relação a prêmios é de possibilidade remota, até porque continuarão os grandes investimentos das gravadoras em nomes e em modismos, afinal, essa é e sempre foi a cultura (de massa) que é dada ao povo. O grande boom que veio com o hype em volta do nome do Emicida ainda pode trazer boas perspectivas, que não seriam migalhas, já que, se o hip hop, ou mais especificamente o rap, quer ter a possibilidade de chegar para mais pessoas, precisa saber se utilizar dos espaços que ele tem possibilidade de fazer parte.

Criticar a Globo, a MTV ou as rádios é fácil, mas para fazer com que o cara que ouve Cine, simplesmente porque toca na rádio, mude de gosto musical, é preciso fazer com que a música se propague. E não é apenas a internet que fará isso. Lembrando que o hip hop é uma cultura marginal e seria interessante que, mesmo sendo um dia mais difundida, seus representantes tivessem “controle” dela.

Na gringa isso acontece, mas percebemos claramente a influência de grandes grupos corporativos em certos rumos. Não que o rap tenha que ser apenas independente ou música de protesto, longe disso. Rap é música! Mas que essa música seja controle de propriedade de quem a faz e não de gravadoras. Se para estar na MTV – ou em qualquer outro espaço – for preciso “cultivar a franja e fechar com o Bonadio”, então cabe a cada um saber qual é o seu rumo.

“Ache um rumo pra chamar de seu…” - Parteum, “Rumo”



By PerRaps

Postar um comentário

2 Comentários

  1. Muito bom o texto!
    Gostei principalmente da frase final:
    “cultivar a franja e fechar com o Bonadio”

    Essa parte do Bonadio já até ocorreu de certo modo com alguns que surgiram fazendo Rap, no entanto, "cultivar a franja" passou a existir mais recentemente e tem nome: o tal "Stronda Music".


    Edmauro Novais
    Rádio Web Black

    ResponderExcluir
  2. o rap tem que ser melhor planejado , com musicas que atingam a " massa " toda , que seja encarado como uma " industria musical " assim como fez o negro americano que aprendeu a rimar e criou seu proprio estilo e atingiu por inteiro não só a sua massa , mais a massa ao redor do mundo !

    ResponderExcluir