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Materia desse Mes é Sobre Racionais Mc's Parte I


Especial Racionais - Parte I

O próximo mês de novembro marca o aniversário de 10 anos do lançamento do disco “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MCs.

Trabalho independente, lançado pelo selo do grupo - “Cosa Nostra” - que chamou a atenção da grande mídia por vender, na primeira semana de novembro, de 1997, 150 mil cópias. Em Março de 1998, quase meio milhão de discos foram vendidos.

Para entender a real importância deste álbum, temos que levar em conta a trajetória de Mano Brown , Ice Blue, Kl Jay e Edi Rock.

Os Racionais MCs são da segunda geração do Rap paulistano, depois de Black Juniors, Thaíde e DJ Hum, O Credo, MC Jack, Código 13, Ndee Naldinho, Pepeu, e até da banda Gueto, que fazia uma mescla de Rap, rock e samba.

O primeiro registro fonográfico do quarteto mais importante da cena Rap brasileira foi a participação na coletânea “Consciência Black” (Zimbabwe/1988/89). As canções “Tempos Difíceis”, feita por Edi Rock e Kl Jay, e “Pânico na Zona Sul”, com Brown e Ice Blue, foram os maiores destaques desta compilação que também trazia Sharyline, Frank Frank, entre outros.

Deste de então, uma série de fatores contribuíram para o sucesso dos Racionais MCs:

• Suas letras fortes que retratam o cotidiano do negro na periferia de São Paulo;
• A orientação de Milton Sales em relação aos bastidores da música, aos shows e contratos, ao comportamento dos integrantes e, principalmente, em relação a idéia de não lançar muitos discos em curtos períodos de tempo;
• A cena Rap internacional e as equipes de baile paulistanas que trouxeram, entre outros, o grupo Public Enemy (1991) e seu discurso sobre a questão racial. Os Racionais tocaram junto com o Public Enemy no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo;
• A cena Rap nacional que se fortalecia com as posses, com os campeonatos, bailes e festivais de Rap (com resultados duvidosos, em alguns episódios) e o grande centro cultural e comercial que a Galeria 24 de Maio representou;
• A radiodifusão, ainda que precária, mas com programas das equipes Black Mad, Zimbabwe, Chic Show e Circuit Power;
• Os selos e as gravadoras das equipes citadas no parágrafo acima.

Para não nos estendermos muito, vamos ficar com esses pontos importantes e que representam um pouco do começo da carreira de Mano Brown, Ice Blue, Kl Jay e Edi Rock.

Em 1992, lançaram o Mix “Escolha o seu Caminho”. Logo após, em 1993, a música “Fim de Semana no Parque” do disco “Raio X Brasil” era executada em muitas FMs que estavam fora do perfil do Rap. Até o locutor Eli Correia tocava “Fim de Semana...” e comentava a letra dos Racionais, em seu programa de rádio, em ondas moduladas (AM), na capital de São Paulo.

No ano de 1994, lançaram uma coletânea com as músicas dos três primeiro trabalhos. Segundo Mano Brown, em entrevista a revista Raça (1997), eles não lançariam um CD com todas as música juntas, pois são partes de três fases diferentes, mas a gravadora viu o lado comercial da parada.

A metade dos anos 1990 foi de estagnação para o Rap Nacional, os shows minguaram para a maioria dos grupos, de diferentes estilos e ideologias (na época a palavra ideologia era fundamental para um grupo de Rap, mesmo que o grupo nem soubesse o que o termo significava).

Houve mudanças na direção artística das poucas rádios que tocavam Rap Nacional. Alguns programas foram extintos no exato momento em que despontavam grupos como Facção Central , Posse Mente Zulu, Consciência Humana, entre outros.

Durante muito tempo (1995/1996), o que sustentou o Rap Nacional foi a proliferação das rádios comunitárias e piratas, em diversos pontos de São Paulo e do país. As gravadoras das equipes de baile diminuíram o investimento nos artistas.

Neste contexto se desenvolveram as primeiras iniciativas independentes: os selos criados pelos próprios grupos.

1997. Depois de Cristo. A fúria negra ressuscita...outra vez.

A Cosa Nostra estava na área. Foi assim que a grande mídia escrita recebeu o CD “Sobrevivendo no Inferno”:

“Pela primeira vez na história da música popular brasileira, temos à nossa disposição uma obra musical que realmente retrata, de A a Z, as agruras e sofrimentos que todo jovem pobre de periferia conhece de cor e salteado...Os Racionais produzem crítica social em forma de rap desde 1988, mas só agora atingiram a maturidade artística com o contundente trabalho “Sobrevivendo no Inferno”, este disco é um excelente retrato do Brasil contemporâneo...”
Marco Frenette, em artigo de Março de 1998 (Revista Caros Amigos)


“Depois do lançamento deste disco, os Racionais dizem ter recebido (e imediamente recusado) convites para se apresentarem no Faustão e no Plantea Xuxa.”
Silvio Essinger. Março de 1998 (Jornal do Brasil)

“A banda incorporou uma religiosidade “malandra” em algumas canções e na capa.”
Rogério Panda. Novembro de 1997. (Folha da Tarde)

“Uma possível leitura para o desabafo está na virada por que passa a banda, depois de dar o grito de independência para a sua antiga gravadora, a Zimbabwe, que detinha os direitos do nome do grupo e dos próprios codinomes de seus integrantes – o que colaborou para o longo intervalo entre o terceiro e o quarto disco.”
Israel do Vale. Novembro de 1997 (O Estado de São Paulo)

“Atualmente, com a estagnação do pop/rock nacional (aburguesado e inofensivo) e a praga pagode/axé, os Racionais representam um raro grito rebelde na música popular brasileira (mesmo independentes, já venderam mais de 500 mil cópias do disco“Sobrevivendo no inferno”). Além disso, a banda prega o evangelho e combate o álcool e as drogas. A sua imagem radical se desfaz no palco. O que fica é mais uma mensagem de esperança.”
Tom Leão. Dezembro de 1998. (O Globo)

Intelectuais, políticos e jornalistas expressavam sua admiração pela obra dos Racionais MCs que, segundo Edi Rock, Ice Blue e Mano Brown : “...é a foto da periferia, da favela, do dia-a-dia nosso e de muita gente que a gente conhece. Muitas pessoas vão se identificar com cada música do disco. Não é o pensamento dos Racionais, só. É a vida de muitas pessoas mais o pensamento dos Racionais. Esse disco novo vem com muitas coisas que são outras pessoas que falaram.” (Revista Raça. 1997)

À partir do lançamento de “Sobrevivendo no Inferno”, uma grande mudança aconteceu na cena Rap brasileira, o álbum recebeu várias premiações. O clip da música “Diário de um detento” ganhou o prêmio máximo no VMB (MTV). A rádio 105 FM (SP), que reservava um pequeno horário para o Rap nacional, passou dar mais espaço para o Rap, a emissora Transcontinental (SP), especializada em samba, também fez o mesmo. As rádios comunitárias seguiram firme em todo o Brasil, tocando Raps dos mais variados grupos. O pequeno mercado do Rap, de certa maneira, começou a se mover.

Outros artistas gravaram seus trabalhos de forma independente. Com o canto falado voltando aos rádios, walkmans, carros e camelôs, uma nova geração de jovens começou a se interessar pelo Rap Nacional, muitos começaram a formar seus grupos. Anos depois, surgiram publicações especializadas e foram criados os primeiros sites de Hip-Hop do Brasil.

Toda essa movimentação não se deu somente em razão de “Sobrevivendo no Inferno”, muitos elementos foram decisivos para a mudança no nosso Rap, no final dos anos 1990, mas o disco dos Racionais MCs figura entre os mais importantes da música brasileira.

Fonte::Bocada Forte

Clique>>>Materia desse Mes é Sobre Racionais Mc's Parte II

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2 Comentários

  1. Os Racionais MC's são depois de 2Pac quem mais representou as periferias em todo o mundo, Brown e Edi Rock são gênio e que tem uma visão de quem sofreu na pele tudo o q eles cantam e Sobrevivendo no Inferno foi concerteza o álbum mais realista da musica brasileira naum so do Rap mais de toda a musica salve Racionais MC's

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  2. Os Racionais MC's são depois de 2Pac quem mais representou as periferias em todo o mundo, Brown e Edi Rock são gênio e que tem uma visão de quem sofreu na pele tudo o q eles cantam e Sobrevivendo no Inferno foi concerteza o álbum mais realista da musica brasileira naum so do Rap mais de toda a musica salve Racionais MC's

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