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Kanye West se afasta do hip hop e avança no pop.


Kanye West não cabe mais no hip hop. Após ter seu nome associado a Michael Jackson, ao Coldplay e ao Emmy Awards, esse norte-americano de 30 anos chega ao final de 2007 como um dos mais emblemáticos e criativos artistas de música... pop.







Kanye West aposta no estilo pop no álbum "Graduation", seu terceiro disco de estúdio:





A mais recente cartada de West é "Graduation", seu terceiro disco de estúdio, lançado em setembro nos EUA e que chega agora ao Brasil. West não é menos ambicioso e fanfarrão do que muitos dos protagonistas do rap norte-americano. Mas transcende esse mundo ao pinçar com sabedoria referências artísticas das mais diversas.

Já confessou que se inspira no rock clássico -é fã de Killers e, em "Graduation", chamou Chris Martin, do Coldplay, para um dueto. A música eletrônica também é fonte primária. O single "Stronger" é baseado na melodia de "Harder Faster Better Stronger", um hit da dupla francesa Daft Punk.

São credenciais que fizeram de West um artista quase completo. Filho de uma professora e de um fotógrafo, ele cresceu em Chicago e estudou artes numa universidade local. Começou a brincar com música e largou os estudos.

Com belo conhecimento de estúdio, no final dos anos 90, passou a produzir outros artistas. Ganhou notoriedade ao manejar alguns dos principais sucessos de Jay-Z. Em 2004, atirou-se em carreira de cantor, com "The College Dropout".

No ano seguinte, veio "Late Registration". São dois discos que levaram ao rap um frescor pop e uma cadência rítmica saída da soul music e do gospel.

Além disso, West posiciona-se, em disco e fora dele, contra o machismo e a homofobia existentes no hip hop dos EUA. Kanye West tornou-se disputado. Foi convidado pelo U2 para dividir alguns shows no final de 2006. Em julho, esteve no palco com o Police no Live Earth. E foi chamado por Michael Jackson para produzir faixas de seu próximo álbum.

Na última edição do Emmy, a premiação da TV norte-americana, West foi chamado a participar da cerimônia e sua apresentação foi tida como um dos pontos altos do evento.

O disco

Requisitado, elogiado e muito bem pago, West prossegue, com "Graduation", os caminhos seguidos nos dois discos anteriores, em que usa o rap como ponto de partida para produzir música pop de qualiade. As pretensões do álbum aparecem logo de cara. A capa é desenhada por Takashi Murakami, artista que já foi apelidado de "o Andy Warhol japonês" (saiba mais em: www.takashimurakami.com).

"Graduation" traz também um caso curioso. Foi lançado no mesmo dia de "Curtis", de 50 Cent. Este chegou a afirmar que "deixaria de fazer música" se seu CD vendesse menos do que o de West. Na primeira semana, foram vendidas 957 mil cópias de "Graduation", contra 691 mil de "Curtis".

As vendas de "Graduation" foram puxadas em grande parte pelo sucesso de "Stronger", a faixa que usa sample de Daft Punk. É apenas uma síntese das influências pescadas por West para produzir o álbum.

Suas canções são pontuadas por toques de espiritualidade (referência à música gospel), por humor e por uma certa insolência alimentada pelos dólares de sua conta bancária.

Ele é melhor produtor, arranjador, do que letrista (chega a rimar "paparazzi" com "nazi"...). Mas tem senso de humor: em "Big Brother", brinca com Jay-Z: "Contei a Jay que tinha feito uma música com Coldplay/ Logo depois, ele faz uma música com Coldplay".

O rap de caráter mais tradicional aparece em "Good Life", "The Glory" e "Barry Bonds", mas traz batidas e melodias que escapam às convenções do gênero. Um dos pontos baixos é "Homecoming", a música-baba com Chris Martin. Mas aí a culpa nem é tanto dele...

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

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