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Sidney Santigo traz Madame Satã novamente aos palcos

Cia. Os Crespos faz três apresentações dentro da Mostra Motumbá de estéticas Negras no SESC Belenzinho


Participação da companhia inclui uma oficina sobre Teatro Negro

Sozinho em seu quarto, um homem negro corresponde-se com a figura mítica de Madame Satã. Fragmentos de histórias revelam, através das cartas, trajetórias e casos de amor, numa cidade-país carregada de doenças, que mantém sob cárcere privado um jovem apaixonado. O espetáculo “Cartas à Madame Satã ou me desespero sem notícias suas”, da Cia. Os Crespos, sucesso de público, volta a São Paulo, desta vez no SESC Belenzinho, nos dias 02, 03 e 04 de março de 2017, Quinta a sábado, às 21h30. As apresentações fazem parte da Mostra Motumbá, evento do Sesc Belenzinho que valoriza a representatividade de matrizes africanas legitimadas por trajetórias de vida e posicionamento sociopolíticos. A atividade será complementada pela oficina Memória e Ativismo: Práticas para vivência e elaboração de uma poética negra, ministrada pelo ator Sidney Santiago Kuanza, ator do espetáculo e co-fundador dos Crespos, nos dias 14 a 17 de março de 2017.

A peça conta com a direção de de Lucélia Sergio, dramaturgia de José Fernando de Azevedo e interpretação de Sidney Santiago Kuanza, com colaborações em vídeo dos atores Vitor Bassi e Luis Navarro. O espetáculo dá prosseguimento ao projeto “Dos desmanches aos sonhos – Poética em Legítima Defesa”, trabalho que integra um processo de pesquisa sobre afetividade de mulheres e homens negros. O espetáculo nasceu de uma pesquisa sobre a homoafetividade de homens negros, sua sociabilidade diante dos estereótipos sexuais de virilidade que cerceiam sua experiência afetiva. A personagem, em tom confessional, mescla a força do gesto com a delicadeza do discurso, buscando a cumplicidade do espectador para tornar público uma afetividade cercada de tabus.

São histórias ou pedaços de histórias que ganham vida na pele da personagem (Sidney Santiago), que é um ator, e que portanto pode viver muitas vidas. Ele se corresponde com a figura mítica de Madame Satã, através dessas histórias, ao mesmo tempo que constrói imagens e discursos sobre elas. A peça é um desenrolar de vestígios de uma sociabilidade cerceada e impressões sobre a construção da identidade desse indivíduo que busca libertar-se de estereótipos sexuais determinantes para sua vida. Para chegar ao resultado deste espetáculo Os Crespos realizaram uma campanha de recebimento de cartas via Internet de homens negros que desejavam contar suas experiências amorosas e sentimentos. Além das cartas recebidas, o grupo também realizou entrevistas coletivas com pelo menos 40 homens nas ruas de São Paulo, casas noturnas, presídios e pontos de encontro do público GLBT e também entrevistas coletivas. As entrevistas foram disparadores na tentativa de flagar nas histórias contadas onde a questão do corpo e a afetividade se cruzam.



A importância em abordar este assunto parte do princípio de que os homens, principalmente os homens negros, aprendem desde cedo a serem viris, machos e a eles é negado o direito ao afeto. Então, a clandestinidade passa a ser uma saída para o desejo, mas ainda falta o afeto. “Quando o amor não é mais clandestino em suas vidas, esses homens têm que continuar respondendo à estereótipos de hipervirilidade e ao repúdio da sociedade, como se ele tivesse traíndo a raça, a não ser que ele seja a bichinha”, completa Lucélia.

Quem são "Os Crespos"

“Os Crespos” é um coletivo teatral de pesquisa cênica áudio-visual, debates e intervenções públicas, composto por atores negros. Formou-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em atividade desde 2005. Em 2006 estreou com o espetáculo “Anjo Negro”, com direção do alemão Frank Castorf; em 2007 volta ao palco com “Ensaio sobre Carolina”; em 2009 e 2010 apresentou o projeto “A construção da imagem e a imagem construída”; em 2011 estreou “Além do Ponto”, com direção de José Fernando de Azevedo.

Ficha Técnica

Direção: Lucelia Sergio. Ator criador: Sidney Santiago Kuanza. Dramaturgia: José Fernando de Azevedo. Direção musical e operação: Dani Nega. Iluminação original: Will Damas. Iluminação e operação: Eduardo Luz. Direção de arte: Antônio Vanfill. Atores colaboradores: Luis Navarro e Vitor Bassi. Preparação corporal: Janette Santiago. Contrarregragem: Rogério Aparecido. Preparação vocal: Frederico Santiago. Operação de vídeo: Eduardo Aves.

SERVIÇO

Peça cartas á Madame satã, ou me desespero sem notícias suas

Dias 02, 03 e 04 de março de 2017

Quinta a sábado, às 21h30

Ingressos: R$ 20,00 / R$ 10,00 / R$ 6,00

R. Padre Adelino, 1000 - Belenzinho, São Paulo - SP, 03303-000

Telefone:(11) 2076-9700

Local: Sala de Espetáculos I

OFICINA

Memória e Ativismo: Práticas para vivência e elaboração de uma poética negra

De 14 a 17 de março de 2017, Com Sidney Santiago Kuanza

Inscrições até 08/03, por meio de envio de envio de currículo resumido para: oficinadeteatro@belenzinho.sescsp.org.br.

Os candidatos selecionados serão avisados por e-mail até 12/03.

Vagas: 20 / Carga horária: 12h

Sala de Espetáculos I.

Oficina gratuíta

Não recomendado para menores de 16 anos.

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