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FLOP, FEIRA DE LITERATURA ORAL DE PARATY, TRAZ PROGRAMAÇÃO DE POVOS DE TERREIROS, INDÍGENAS E PERIFÉRICOS


A importância da oralidade na preservação das memórias e ancestralidades será celebrada em uma casa dedicada à tradicional sabedoria transmitida boca a boca
Enquanto a FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty, prestigia a escrita, uma programação paralela e independente ocorrerá na FLOP, a Feira de Literatura Oral de Paraty. Entre os dias 25 a 29 de julho, povos de terreiro, indígenas e das periferias promovem atividades que valorizam a forma mais antiga de se propagar conhecimento: a tradição oral.
A sede da FLOP, na casa Caracol dos Povos de Terreiros (no bairro de Caboré, a cerca de 1,5km do centro histórico) estará aberta ao público e vai sediar palestras sobre ecologia, cultura e conhecimento dos Povos de Terreiros além de oficinas, exposições, mostra de filmes e apresentação de um sarau de poesia da periferia de São Paulo. De lá também sairão os grupos que vão participar de atividades numa aldeia indígena (25/07) e numa comunidade caiçara (29/07).
Nascida da parceria entre as ONGs União Nacional Camponesa (UNC), que promove desenvolvimento agrário familiar, e a Rede Afroambiental, dedicada à preservação da natureza e recursos hídricos, a casa Caracol têm a intenção de estreitar laços culturais e também criar um projeto comum sobre o conhecimento de agricultura tradicional, comunidades de cultivo familiar e projetos de economia comunitária e solidária.
Não por acaso, o local conta com uma feira onde um mercado comum vai concentrar atividades relacionadas ao comércio, gastronomia, moda e artes. O território presta homenagem a Exú, orixá que no Candomblé ilumina essas atividades. Uma bolsa de negócios e oficinas de moedas solidárias e comunitárias serão realizadas ali.
Literatura oral e ancestralidades
 “A oralidade sempre preservou histórias e garantiu às gerações afro-brasileiras e indígenas o conhecimento de seus antepassados”, diz o coordenador da FLOP, Mestre Aderbal Ashogun, executivo de tecnologias socioculturais e sacerdote do candomblé, do terreiro Ilê Omiojuaro. “A sabedoria oral está presente nas periferias e sobrevive à margem dos incentivos aos registros da memória, o que precisa ser revisto”, completa Aderbal, filho da Iyalorixá Mãe Beata de Iemanjá, uma das mais importantes ativistas no combate à intolerância religiosa e militante dos direitos humanos, meio-ambiente, defesa e preservação da cultura afro-brasileira.
“A escrita é apenas uma das maneiras de se guardar conhecimentos”, conta o Mestre que é premiado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “A principal forma - e por vezes a única - de resgate e preservação das ancestralidades foi a conversa pacientemente transmitida de boca a ouvido entre mães e filhos, avós e netos, amigos, mestres e comunidades. São heranças seculares que sobrevivem até hoje.”
Mestre Aderbal, que também é coordenador da rede afro-ambiental Omo Aro Cia Cultural, lembra que apesar de todas as tecnologias a literatura oral sempre se  renova. “Os saraus periféricos que se espalham por todo o Brasil em esforços autônomos e independentes são exemplo dessa contínua transmissão de conhecimento pela oralidade”, conclui.
Na FLOP, haverá apresentação de poetas do Sarau Verso em Versos, que há cinco anos realiza apresentações na periferia da Zona Sul de São Paulo. “Nossa celebração foi inspirada nos saraus mais antigos, na velha-guarda que representa os guardiães do saberes; nossos griôs de quebrada”, explica o produtor cultural Jaime Diko Lopes. “Diante deles somos erês urbanos, aprendizes de todos os saraus que acontecem no Brasil. Nos orgulhamos de fazer parte desse circuito que se multiplica entre becos e vielas, somos parte de um movimento cultural de literatura periférica.”
Entre as atrações da FLOP, destaca-se um dia inteiro de visita à Aldeia Pataxó Iriri Kãnã Pataxiui Tanara (Minha aldeia é a natureza), com acompanhamento do Cacique Leonardo Hãngui Pataxó e comunidade. Haverá ainda a performance “Treme Terra Esculturas Sonoras”, que usa o som como ferramenta para o corpo atingir planos meditativos e transcendentes, como nas culturas dos povos tradicionais. A participação dos índios da aldeia Pataxó de Paraty ao longo da FLOP também promete mergulhos em diferentes visões de mundo e experiências. Uma visita coletiva à comunidade de caiçaras de Paraty, por fim, será vivenciada como mais uma manifestação viva das tradições orais.
FLOP - Feira de Literatura  Oral de Paraty
Local: Caracol dos Povos de Terreiros (Caboré)
Rua dos Bem Te Vi, 276, Bairro Caboré, Paraty
informações: (11) 99181-9260 e (21) 99299-2204 e (21) 99987-1414  

Insta: @flop.povos

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