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Inimigo invisível, judas incolor!


Estou escrevendo esse pequeno texto de desabafo, grito, ou sei lá o que vocês considerem, extremely full pistola, ou o chamado "puta pra caralho", enquanto pesquiso, ouço e escrevo junto com o Hebreu a lista de melhores do ano segundo o Noticiário Periférico, logo, desconsiderem erros de digitação e absorvam a idéia. Queria escrever esse texto todo em Caps Locko, mas achei melhor assim, senão vocês iam ler com muita empolgação e infartar até o fim do texto. Então vai lá!

Todo ano temos um cuidado extremo de pesquisar o que saiu no ano, ouvir novamente, e novamente, e novamente, até conseguirmos selecionar uma lista de álbuns, mixtapes e EP's que consigam exprimir o que foi o ano musical pra nós, MÍDIAS ESPECIALIZADAS EM HIP HOP, que amamos, consumimos, pesquisamos, e difundimos informação que vivenciamos e acompanhamos durante o ano. Isso demanda tempo, cuidado, respeito, e o mínimo de noção de saber que NOSSAS LISTAS SERVEM PRA MOSTRAR O QUE FOI PRODUZIDO DURANTE O ANO, E NÃO PRA LIMITAR O QUE O PÚBLICO TEM QUE ACEITAR, CURTIR, APOIAR, certo? Certo. Ok.

Nos últimos anos tivemos o surgimento dos incríveis portais de notícias de Rap que mais parecem um Casos de Família, e que durante a leitura parece que vai aparecer a psicóloga falando o que ela acha, totalmente descompromissados COM A CULTURA, fã de determinados MC's e passa pano pra muitas situações, já que não se posicionar sobre algumas paradas ESSENCIAIS, que atingem DIRETAMENTE pessoas envolvidas no Hip Hop, é também ser conivente com essas coisas. Esse tipo de gente na boca da juventude, sendo tratados como principais portais de notícias, informação, almejado pelos jovens MC's e sinal de sucesso, reflete um pouco como perdemos um espaço importante na disputa de narrativas que temos na sociedade, e PASMEM, NA NOSSA PRÓPRIA CULTURA HIP HOP também!

Pra explicar o que é disputar narrativas, pensem que a gente precisou ouvir o senhor presidente eleito dizer que europeus sequer pisaram na África, e que os culpados pela escravidão foram os próprios negros. Pensem também que com esse discurso mentiroso, abraçado pelo público, o senhor presidente foi eleito. Narrativas são descrições sobre o mesmo fato, carregadas de um viés ideológico e de vivência que nos leva a pensar sobre as coisas. Logo, existem narrativas carregadas de preconceito histórico e apagamento de um determinado povo para que se mantenha uma determinada maneira de contar a história.
Agora pensem, esse ano eu entrei em combustão diversas vezes por conta do Rap Nacional, por ler MUITAS BESTEIRAS, por ler todo mês que O ÁLBUM DO ANO FOI LANÇADO, por ler que OS PIONEIROS 2018 EM DETERMINADA COISA NO RAP fizeram algo que já era feito desde 1980, mas eu só pude entrar em combustão, e ficar brava, e criticar, e gritar muitas vezes o caminho pelo qual era mais seguro seguir, porque eu estava presente, porque o Hip Hop como cultura me estrutura, me ajuda a olhar pro mundo, o HIP HOP É A MINHA NARRATIVA DO MUNDO, foi ele quem me apresentou diversos conhecimentos. Certo? Certo.

Agora, esse texto não é sobre o álbum do Baco, nem o que vocês querem fazer com ele, muito menos sobre o que ele representa, nem sobre quem é Diogo, nem nada disso. Pelo contrário, acho muito legal que ele esteja sendo falado por aí. Mas esse é um texto sobre QUEM TÁ FALANDO POR NÓS NESSA PORRA???????????? Li um texto que saiu no portal Reverb, do jornalista Alexandre Matias, que eu sequer conheço o portal e nem o jornalista, mas me incomodou, demais. Talvez seja o calor que me deixa sensível a entrar em combustão mais rápido, mas segue a reprodução de parte do texto.


"Ao lançar seu segundo e aguardado “Bluesman” nesta sexta-feira, ele abala o prumo da música brasileira em vários sentidos: consolida o rap como gênero musical mais importante do Brasil hoje; desvia o eixo do rap brasileiro de São Paulo para o nordeste; lança o disco mais importante do gênero desde “Nó na Orelha” do veterano Criolo; e pauta a questão racial como um dos principais problemas do país. Assim, ele entra firme como forte candidato ao posto de melhor disco de 2018."

Vamos lá. Começando do fim, candidato ao posto de melhor disco de 2018, GENTE PELO AMOR DO JDILLA, PRA MONTAR UMA LISTA COM MAIS DE 40 TRABALHOS BONS A GENTE TÁ SOFRENDO PRA CARAMBA!!!!! DEIXANDO MUITA GENTE DE FORA, DEIXANDO MUITO TRABALHO QUE EU QUERIA POR NUM OUTDOOR PRA QUE AS PESSOAS CONHECESSEM PRA ALÉM DO QUE CANAL DE REACT APRESENTA. Mas ok, liberdade de lista. Seguimos.

Segundo, sobre lançar o disco mais importante do gênero desde "Nó na Orelha" do veterano Criolo, e pauta a questão racial como um dos principais problemas do país. NÓ NA ORELHA É O DISCO DO CRIOLO LANÇADO EM 2011, DOIS MIL E ONZE, 2.000 E 11!!!! DE 2011 ATÉ 2018 NÃO SAIU NADA RELEVANTE NA PORRA DO GÊNERO RAP???????????? Vou listar rapidamente, bons trabalhos, Êta Porra do Amiri, Made in Roça da Sara, Até que enfim Gugu do Marcello Gugu, Tássia Reis, Anaga do Aori, Cores e Valores do Racionais, o próprio Boogie Naipe do Brown. Esses bons álbuns que sei  que o pessoal que fica elegendo como melhor tudo quanto é álbum com data de validade de 1 semana, conhece. Imagina o que não tá aqui? Imagina quantos bons trabalhos, melhores até que Nó na Orelha rs, não foram lançados de lá pra cá? Sobre pautar a questão racial como o principal problema do país ... VOCÊS NÃO SE PREOUCUPAM, QUE UM GÊNERO PRETO, COM TANTA HISTÓRIA PRETA NAS SUAS ENTRANHAS, QUE CARREGA TANTA COISA PRETA, TENHA EM APENAS UM ÁLBUM A PAUTA DA QUESTÃO RACIAL? Pois é. Olha o absurdo de quem desconhece falando por nós. Quantos trabalhos apenas esse ano, ou até nos últimos meses pautaram a questão racial, e ler a surpresa porque um álbum mudou o sentido da música brasileira porque pautou isso é de chorar.

Por fim, consolida o rap como gênero musical mais importante do Brasil hoje. Racionais disse, gostar de nós tanto faz tanto fez. Me degradar pra agradar vocês? Nunca! E aí nesse ponto você deve tá pensando "mas Ana, se tanto faz, porque caralha escrever a merda de um texto desse tamanho incomodadíssima com a opinião de quem nem no Rap tá?", PORQUE É JUSTAMENTE ISSO!!!!!!!!!!!!!!!
Não é o jornalista em específico, nem o álbum do Baco ser a principal obra musical desde a sinfonia de Bethoven. É sobre estarem falando SOBRE NÓS, POR NÓS E PRA NÓS, sobre estarem se aproximando de uma cultura marginal, com um poder narrativo gigantesco, com um potencial musical e criativo extremo, pra moldar aos ouvidos sensíveis e seletivos de vocês sabem quem. Aquele meme dos playba que cola lá na área, sim, exatamente! 

O álbum do Baco é um bom álbum sim, deve ser inclusive representativo pra muitas pessoas MASSSSSSSSSSSSS, muitos mas, muitos poréns. A mídia é um espaço potente, não é só sobre "fortaleça as mídias pretas", "fortaleça os canais de informação de quem ama o rap", é mais que isso. É BEM MAIS QUE ISSO!!!! Daqui uns anos, se não nos agarrarmos as nossas formas de contar o mundo, o nazismo vai continuar sendo de esquerda, o presidente eleito vai ser um homem querido pelo povo e o rap vai ter como principal nome os Enzos e Valentinas com seus violãos e seus discursos sobre o dia da consciência humana. 

ESSE ESPAÇO É NOSSO! É NOSSA VOZ QUE VALE! LEMBREM-SE QUE ESSA PORRA É UMA CULTURA, UM MOVIMENTO! 
Sim, ninguém fez voto de pobreza como acreditamos nós guardinhas, todo mundo tem que ganhar grana pelo trampo que faz, como acreditamos também nós libertários, MAS NINGUÉM, NINGUÉEEEEEM, TEM QUE ABRAÇAR O W. SALVADOR QUE É MUITO TOP E PRESTA MUITO SERVIÇO A CULTURA, que mais parece uma criança mimada que quando perde o jogo desliga o vídeo-game ou guarda a bola em casa quando a galera tá toda empolgada jogando. 

Se não ficou CLARO o porque desse título, e o porque desse texto até aqui, sugiro vocês irem mais pra rua adquirir malícia pra ganhar maldade nos olhares. Não abraça safado, não abraça gente descompromissada, sejam mais exigentes, esse movimento sofreu demais até aqui, ele carrega muita coisa com ele, sejam mais respeitosos sobre qual a voz que vamos ouvir e dizer que é significativa.

Feliz natal e respeita minha história!!!!!!!!! :)



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