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Diomedes Chinaski mostra que amar também é revolucionário em "24 horas de Liberdades"



A música é a primeira faixa coproduzida pelo rapper pernambucano, ao lado de DK e DJ Bac. Videoclipe foi gravado no centro de São Paulo e traz como convidada a atriz Aline Tófalo. 


O que você faria se tivesse apenas 24 horas de liberdade? A resposta de Diomedes Chinaski está no clipe que ele lança pouco antes do autoritarismo assumir o poder no país. O MC que colocou o Nordeste no topo do Rap nacional com a mixtape “Comunista Rico” encerrou 2018 apostando no amor como fuga para os dias que virão.

O roteiro é assinado pela produtora Tássia Seabra, em parceria com Chinaski. Mais um projeto encabeçado pela Aqualtune Produções, coletivo e produtora de mulheres negras criado em Recife, capital pernambucana, com o intuito de dar visibilidade e profissionalizar artistas periféricos. O clipe foi gravado em São Paulo, com produção audiovisual da Valete de Copas e atuação de Aline Tófalo.

Um apartamento no centro da capital paulista, um guerrilheiro em fuga perseguido pelo Estado ditador por causa de seus ideais e posicionamentos em defesa da democracia e liberdade de expressão. “24 Horas de Liberdade” é a síntese de uma luta que também perpassa o trabalho do artista que, conforme sua trajetória neste ano, conseguiu aliar ideologia e arte sem deixar de explorar referências estéticas e dialogar com públicos diversos. Para fechar 2018, ele narra a história de um casal que encontra na paixão e no afeto uma pausa, simbolizada pelo alento em meio aos dias de caos. Em tempos de ódio, amar também é revolução.

A atriz protagonista encarna a personagem central da história, misturada por lembranças de momentos vividos com um homem considerado uma ameaça para o Estado. A ambientação intimista do clipe cria uma silenciosa delicadeza que se contrapõe ao ápice das cenas picantes de tesão entre os dois. O “perigo na esquina” parece se distanciar entre os suspiros e entrelaçamentos de pernas. O barulho dos carros que cruzam a Avenida logo abaixo não rompe a teia discreta de um sentimento nostálgico que só conta com o agora para se materializar. A cidade cinza ganha as cores de uma paixão apenas contemplada da janela para dentro de um quarto onde a cama representa libertação.

“Essa música fala de aproveitar o último dia de liberdade com toda força, para ficar na memória, já que fodeu tudo. Com uma ditadura, tudo se torna menos humano e até mesmo o sexo é controlado. Tem um trecho do livro "1984" (clássico de George Orwell) em que os personagens transam muito e com uma vontade muito grande porque até o sexo estava proibido pelo governo. Então, eles transam escondidos e com uma excitação política", explica Chinaski, que arremata: "A ditadura vem com uma onda de moralismo muito grande e o sexo acaba sendo um ato de rebeldia e revolução também”.

Tássia acredita que a participação da Aline Tótalo contribuiu muito para o resultado do trabalho e ressalta a importância do seu papel. “A atriz é uma mulher negra que representa muitas mulheres de hoje, que já sofreram muito com a objetificação, mas que querem viver a autonomia dos seus corpos e exercitam sua sexualidade sem medo de rótulos", explica.


Essa é a segunda parceria do MC pernambucano com a Valete de Copas, que já usou uma música sua, "Quem mora lá?", como trilha sonora de um documentário que aborda a questão do défict de moradia no Recife. No ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos, o artigo 19, que versa sobre liberdade de expressão, também está sinalizado no clipe por meio do trabalho do artista pernambucano Outro, autor da capa de Comunista Rico, que aparece no criado mudo. O chapéu vermelho com o nome de Lula, a parede de avisos com os alvos do guerrilheiro são outros indícios que dialogam com o atual cenário político brasileiro, uma marca do trabalho de Diomedes.

“Queria que a sonoridade lembrasse o Brasil do Golpe de 1964, optei por samplear Bossa Nova, porque acho que ela representa muito isso. Não a apropriação cultural e a revolução branca burguesa da época. Essa atmosfera me faz lembrar os dias atuais. Os intelectuais burgueses sambando sem malemolência, os militares loucos. Acho que a sonoridade da Bossa Nova traz esse Brasil para as nossas cabeças”, explica o músico que assina coprodução do beat ao lado de DK e DJ Bac. "Agora, produzo executivamente junto com os beatmakers na tentativa de buscar sonoridades ímpares e inovadoras", revela o Aprendiz, que tem como inspiração nomes como Kanye West e Tyler The Creator. O clipe está disponível no YouTube a música entra nas plataformas de streaming neste domingo (30).

Assista:


Ficha Técnica

Música: 24 Horas de Liberdade
Produção Musical: Diomedes Chinaski, DK e DJ Bac
Roteiro: Tássia Seabra e Diomedes Chinaski.
Produção Executiva: Aqualtune Produções
Captação de Imagens, Direção, Fotografia e Edição: Valete de Copas
Assessoria de Imprensa: Laísa Gabriela, Lenne Ferreira e Victor Costa



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