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Soltem o paninho de dormir e vão sonhar sozinhos!


Bom, primeiramente liberdade Babyi Querino! Segundamente, eu poderia pedir desculpas antecipadas a qualquer generalização feita, mas ao mesmo tempo penso que se é possível fazer uma generalização é porque, nesse caso, a parte injustamente generalizada não está tacando fogo no parquinho suficientemente! 🔥

Essa reflexão foi gerada numa dessas longas conversas da madrugada  com meu amigo Sérgio. Pós grandes polêmicas que rondam minha bolha social e sua superfície de contato, chegamos á questões de algo que é inerente da nossa sociedade, a nossa necessidade de se apoiar e acreditar em símbolos, objetos e pessoas, e desconsiderar a mensagem que cada coisa traz consigo.

Explicando o título desse texto, é comum ver paninhos, bichinhos de pelúcia, brinquedos e afins junto as crianças quando elas vão dormir. Algumas não dormem de maneira nenhuma se não tiverem um desses objetos por perto. De forma científica, ter objetos familiares por perto traz segurança pra criança, pois simbolizam a figura materna ou quem quer que ofereça colo e aconchego para a criança. Essa teoria foi criada pelo psicanalista inglês Donald Winnicott e o que ele chamou de objeto transicional, segundo ele, mais importante do que o objeto é a experiência da criança com ele. "Podemos dizer que se trata de um objeto que auxiliará a criança a experimentar as situações do mundo externo e a diferenciar aquilo que faz parte dela (o que é interno) e o que não faz."
Além da escolha pontual do "pano", achei a associação pertinente pra dizer que estamos presos demais aos ícones, e a nossa dificuldade tremenda de lidar com decepções.

Esse texto não é impulsionado somente pela ideia de abusos cometidos por Liber, Santo da Lambada, ou pelas corrupções do baby Bisnoliro, nem sobre a dificuldade de se desprender urgentemente da figura desgastada do homem ex-presidente e se agarrar aos ideais progressistas envolvidos pra tentar possíveis diálogos com o povo.  Mas é impulsionado pro que acontece todo dia, em todos os espaços, principalmente e mais diretamente no que tange a violência contra a mulher e os grupos marginalizados. Pra algumas pessoas mulheres só apanham porque se sujeitam a situação, LGBTQs só morrem porque se mostram demais. Negros só sofrem racismo porque falam dele. Essa necessidade absurda de sempre não olhar pras pessoas como humanos, cheios de erros, acertos e possíveis decepções. 

Entendido que todo ser humano no mundo é passível de corrupções, mentiras, hipocrisias e tudo mais, e que tá tudo bem não ter a necessidade de defender nossos ídolos como se eles tivessem sendo injustiçados o tempo todo. É bom entendermos também que não dá pra fiscalizar tudo que consumimos todo tempo, por exemplo na música, ou filmes com artistas que não sabemos o proceder, o pensamento; mas que dá pra fazer um consumo consciente do que tá próximo, do que a gente tem acesso diretamente e tá na nossa redoma pessoal. 

SAC - com Ana Rosa

Porque então surge a necessidade de boicotes, manifestações de repúdio e tudo mais? 
Pelo simples fato das pessoas não gostarem de ver pessoas enganando tantas outras. Porque essas pessoas se preocupam demais? Talvez, mas porque em sua maioria não aguentam mais conviver com tanta legitimação de violência. 

Eu sou obrigado a colaborar com boicotes ou críticas?
Óbvio que não, se você quiser inclusive promover, dane-se. Só por favor, se você sabe dos fatos, não te torna isento de achar que tudo bem pessoas ruins estarem em lugares de expressão. Você não tem participação no crime, mas consumir qualquer coisa de qualquer pessoa que tá no erro te torna responsável pelo que cativas rs.

Ana, mas e se a pessoa tiver sendo injustiçada?
Aí que está, não cabe a você ser o promotor da justiça do linchamento virtual. Além de você sofrer um processo judicial por calúnia e difamação quando não tem como provar casos (grande maioria dos casos de assédio), ainda pode estar cometendo injustiças (principalmente nos casos de disse-me-disse). Emmet Till sempre é citado, até por boca suja que faz merda e cita o caso pra justificar, mas não deixa de ser importante termos cautela pra entender que o peso do julgamento tem diversas vezes mais peso pra negros do que brancos, esses às vezes nem são julgados.

Mas o que faço então?
Isso é um conselho, não é uma regra e nem a certeza que é o mais correto. Adoto pra vida o que fazemos no Noticiário Periférico. Tenho uma lista pessoal de pessoas que tiveram seus nomes envolvidos em buxixos, confirmados por pessoas próximas as e aos envolvidos ou não, dependendo da situação, eu simplesmente paro de falar da pessoa em questão e esqueço que ela existe. 

Ana preciso ir nas redes sociais xingar as pessoas que gostam de tal pessoa?
Não, tá tudo bem você fazer seu boicote pessoal, as pessoas não tem o mesmo fluxo de informações que você, ou optaram por confiar em x pessoa.

Ana, mas eu não acredito, porque não posso defender? 
Se você não for o álibi da pessoa, não tem a necessidade de defender ninguém. Assim como pode estar certo, também pode estar errado e não é legal fazer um textão chamando de oportunista uma mulher que sofreu um abuso e não tem como provar, ou de que ela não faz a denúncia num país que mata milhares de mulheres e que desencoraja elas a fazer a denúncia na delegacia. É diferente quando você conhece pessoalmente a pessoa e sai em defesa dela. 
Óbvio que não somos donos de toda a sensatez e melhores posturas do mundo, e nem que vamos ver injustiças sendo acometidas, como acontecem aos milhares no sistema judiciário que condena pessoas a prisão por se parecerem com o suspeito. Mas achei interessante dar o salve.

Se desprendam do paninho, vão experimentar o mundo. Algumas ignoradas não doem, não vão restaurara a vida de quem sofreu determinado dano, mas também não corremos o risco de sermos extremamente injustos com vítimas e coniventes com falhas humanas. 

 

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