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"Thriller", de Michael Jackson, é relançado no Brasil


Um Michael Jackson despreocupado, seguro em relação ao que queria e que depositava total confiança nas pessoas à sua volta. Assim estava o cantor durante as gravações do disco "Thriller", segundo o testemunho do percussionista Paulinho da Costa, o único brasileiro a participar do mítico álbum.

Lançado em novembro de 1982, "Thriller" tornou-se um dos discos mais vendidos de todos os tempos. Segundo a gravadora Sony BMG, vendeu até hoje 105 milhões de cópias. Segundo o livro "Guinness", foram 55 milhões. Em termos comerciais, seu único concorrente é o "Their Greatest Hits 1971-1975", da banda Eagles.

Para comemorar 25 anos de lançamento, chega hoje às lojas brasileiras uma versão remasterizada e ampliada de "Thriller": além das faixas originais, há reinterpretações de músicas como "Beat It" e "Billie Jean" por artistas como Fergie e Kanye West, além de um DVD com quatro vídeos.

Em abril de 1982, Michael Jackson reuniu-se com o superprodutor Quincy Jones para o início das gravações de "Thriller". Convocaram um time variado de músicos experientes, rodados --entre eles estava Paulinho da Costa, que já havia trabalhado com o cantor na época do Jackson Five e no disco "Off the Wall" (1979).

Hoje com 59 anos, Paulinho vive nos EUA desde 1973. Participou de discos de inúmeros artistas, como Sergio Mendes, B.B. King, Curtis Mayfield e Barry Manilow. À Folha, por telefone, de Los Angeles, falou pela primeira vez com um jornalista brasileiro a respeito das gravações de "Thriller":

"O Michael passava por uma época ótima da carreira, então ele estava bem relaxado, não se estressou em nenhum momento. Ele tinha muita segurança, sabia o que queria, como o disco deveria soar". Paulinho tocou cuíca e percussão em diversas faixas do álbum, mas, na edição final, entrou apenas sua participação na faixa de abertura do disco, "Wanna Be Startin' Somethin'".

"Como tinha confiança nos músicos, ele não deu muitas instruções. Trazia o clima do disco, a sensibilidade que queria, e nós seguíamos em frente. Ele respeitou muito nosso trabalho. Eu fazia a percussão na música e ele aprovava depois."

Após tantos anos, Paulinho afirma não se lembrar por quanto tempo trabalhou nas gravações de "Thriller", mas disse que mantém contato com Michael Jackson: "Ainda converso com ele de vez em quando. Espero que esse relançamento ajude a carreira dele".

Rei do pop

Se até 1982 a carreira de Michael Jackson seguia em curva ascendente, com "Thriller" ela disparou como um foguete. Jackson deixava de ser um garoto prodígio da black music para se tornar o rei do pop.

Desde os tempos de Jackson Five e, principalmente, "Off the Wall", sabia-se que Jackson era capaz de produzir grooves reluzentes da melhor estirpe.

Em "Thriller", ele não apenas deu continuidade à tradição da música de selos como Motown e Stax mas também ampliou seu horizonte incorporando guitarras roqueiras (Eddie Van Halen faz o solo em "Beat It"), desconstruindo a disco music ("P.Y.T."), revigorando o funk ("Billie Jean") e animando bailinhos com baladas certeiras ("Human Nature", "The Girl Is Mine"). Uma audição de "Wanna Be Startin' Somethin'" comprova a atualidade do disco.

E tem, claro, "Thriller", a música. Se não é a melhor canção do disco, quebrou paradigmas com o estiloso vídeo de 14 minutos, dirigido por John Landis e com orçamento de espantosos (para a época) US$ 800 mil.

"Até 'Thriller', havia no Brasil a música negra para os negros e a música negra para os brancos. Dificilmente algo que tocava nas rádios brancas ia para os bailes black da periferia", lembra DJ Hum, 40. "'Thriller' quebrou essa barreira. O disco era ouvido por todos."

Autor da biografia de Tim Maia, o colunista da Folha Nelson Motta considera "Thriller" um álbum "extraordinário". "Sempre fui fã do Quincy Jones como produtor. Esse disco é o resultado de um Michael Jackson maduro e da genialidade do Quincy." Ele continua: "É um disco perfeito, acabado, mas ao mesmo tempo não trouxe uma grande inovação, como alguns álbuns clássicos provocam."

Após "Thriller", Michael Jackson ficou branco e não fez nada que chegasse perto da qualidade daquele disco.




Fonte: Folha de S.Paulo

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