Header Ads Widget

DJs atualizam o afrobeat e ritmos africanos ganham festas no Rio


Kamille Viola

Nos anos 60, o nigeriano Fela Kuti (que mês que vem completaria 70 anos) misturou ritmos africanos com o funk e o jazz norte-americanos, criando o que ele viria a batizar de afrobeat. Impulsionada pelo interesse de produtores europeus, a música africana volta à cena, com a união da tradição à música eletrônica. No Rio, vira o foco principal de festas.

"No mundo todo, há tendência a misturar coisas locais com influência eletrônica", conta o DJ Lucio K, que toca música afrobeat dia 27 na pista 2 da Casa Rosa, no Rio de Janeiro, e estréia 2 de outubro no Mofo (na Lapa) a festa Volta ao Mundo em 80 Discos.

"Muitos DJs europeus começaram a resgatar o Fela Kuti, atualizando seu groove. Os produtores africanos também: viajei para a África do Sul ano passado, para tocar num evento, e conheci ritmos como kwaito, kuduro e semba, que toco nas minhas festas e misturo com música brasileira¿, explica ele, que adota o nome Lucio K Som Sistema, à moda de grupos como o Buraka Som Sistema.

O Buraka é um dos principais grupos do kuduro, ritmo angolano que conquistou vários países da África e Europa e é comparado ao funk carioca.

Formado por dois portugueses e um angolano, o grupo caiu nas graças de artistas como a cantora M.I.A. e se apresentou no Brasil ano passado. "O Buraka mistura música africana com breakbeats e conseguiu fazer um som próprio", elogia Lucio K.

Na quinta-feira, estréia no Clandestino, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, a festa Quintessential Grooves, dedicada à ponte entre África, Brasil e Caribe. No comando, os DJs Zahle e Bernieoak, que formam a Mucambo Aparelhagem de Som.

"Eu e o Bernardo (Bernieoak) somos amigos e, quando ele tocou num aniversário meu, pensei: ele tem que fazer alguma coisa com isso, mostrar esse lado para as pessoas. Conversamos e resolvemos criar a festa", conta a produtora da festa, Maria Amália Cursino. Além do afrobeat de raiz, o repertório da festa abrange o ritmo moderno, como Seun Kuti, filho mais novo de Fela. "Ele hoje se apresenta com a antiga banda do pai, Egypt 80", diz Bernieoak.

O produtor Edilson Martins já realizou no Rio duas edições da festa African Beats, em que o ritmo também tem vez. "Sou ligado à cultura africana, vejo filmes, acompanho a literatura, na medida do possível, com a ajuda dos amigos que viajam", conta ele. "A Lapa está num momento de descobertas. As pessoas estão querendo coisas novas, além de samba", analisa ele, que chamou uma banda de kuduro, o DJ angolano Vado e a banda de jongo contemporâneo Caixa Preta para o evento.

O Dia

© Copyright Editora O Dia S.A. - Para reprodução deste conteúdo, contate a Agência O Dia.

Postar um comentário

0 Comentários