Dica de Livro - Quarto de despejo: Diário de uma favelada da Carolina Maria de Jesus
 
 
Quarto de despejo: Diário de uma favelada é um livro de 1960 escrito por Carolina Maria de Jesus.
A autora nasceu no estado de minas gerais em 14 de março de 1914,mudando-se para a cidade de São Paulo em 1947. Segundo consta, desde nova era interessada em leituras, tendo depois iniciado a escrita de um diário.
Em 1960, um jornalista brasileiro chamado Audálio Dantas teria visistado a favela do Canindé, local onde vivia Maria de Jesus, e teria ficado encantado com a autora, que apesar de pobre demonstrava uma grande lucidez critica.
No livro,Maria de Jesus, uma favelada, escreve em seu diário o seu dia a dia nas comunidades pobres da cidade de São Paulo. Seu texto é considerado um dos marcos da escrita feminina no Brasil. O livro foi traduzido em mais de treze linguas e as narrativas do diário ficam entre o ano de 1955 e 1960.
 
 
    '"15 de julho de 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela."'
E termina com:
    “1.º de janeiro de 1960. Levantei as 5 horas e fui carregar água.”
RESUMO DO LIVRO

O livro Quarto de Despejo é o diário de Carolina, uma 
catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e favelada. É, também,
 autora, personagem e narradora do livro. Ela representa a voz dos 
excluídos, marginalizados por questões sociais e étnicas. É um diário 
autobiográfico e um documento sobre a vida de uma favela. São reflexões 
sensíveis e críticas. Todo o texto é como se fosse um espelho através do
 qual a autora olha a si mesma e, também, as pessoas que dividem com ela
 o seu espaço. É um diário diferente dos outros que são confidenciais. A
 autora procura denunciar as condições miseráveis de vida em uma favela. 
O diário registra fatos importantes da vida social e política do 
Brasil, iniciando-se em 1955 e terminando em janeiro de 1960. Há no país
 uma grande euforia pelo início da construção de Brasília, que seria 
inaugurada em 21 de abril de 1960. O país se preocupava com a nova 
capital, idealizada por um Presidente da República bem popular entre as 
classes mais baixas. Ainda assim, a fome, a falta de saneamento básico e
 de moradia eram graves problemas. Carolina menciona em seu livro Jânio 
Quadros, Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, este último, de forma 
irônica. Fatos da época são citados como um documentário que estava 
sendo filmado sobre a vida de um famoso favelado, o Promessinha. Jornais
 como o Diário da Noite e revistas como O Cruzeiro são lembrados pela 
autora. 
O livro apresenta a narrativa em primeira pessoa. Fatos são
 contados envolvendo a opinião da autora (subjetivismo), além de 
considerar sobre a vida dos pobres e favelados, a atitude dos políticos,
 a exploração dos comerciantes e atacadistas e o desperdício de 
alimentos. Carolina mostra hábitos e costumes do seu meio social, 
observando fatos e atitudes das pessoas que conhece, destacando-se, ela 
mesma, como um elemento principal nessa favela. Há um tempo exterior, 
quando ela registra cronologicamente os fatos, e um tempo interior, nos 
seus momentos de reflexão. 
Quarto de Despejo registra fatos do 
cotidiano de Carolina, durante cinco anos de sua vida e que foram 
selecionados na época da publicação. O ato de escrever para a autora é 
natural. Ela sempre dizia que, quando não tinha nada para comer ela 
preferia escrever. A linguagem é coloquial, ao seu modo. Não erra 
intencionalmente. Apesar da pouca instrução, suas descrições misturam 
hostilidade e lirismo. 
Mineira de Sacramento, a autora foi para São
 Paulo, onde trabalhou como doméstica. Tornou-se catadora de papéis, de 
latas, ferros, e muitas vezes, de alimentos. Até ser descoberta e sair 
desse quarto de despejo, para se mostrar ao mundo. Deixou de ser 
catadora para distribuir pérolas literárias. Inocentemente. 
Humildemente.
 
Comentários
Postar um comentário