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OPINIÃO PERIFÉRICA - Direto da Ceilândia uma ótima entrevista com a "Thânisia Marcella"



THANISIA é um exemplo de mulher e pessoa de que você tem que correr atrás do seu sonho, e não ter medo de ir em busca do que é seu por direito: a educação. 
Moradora de periferia, hoje ele estuda letras/francês onde é só o começo de sua longa caminhada... ela é um exemplo de que as cotas não são esmolas, mas sim uma oportunidade para tentar, eu disse tentar reparar o que o homem branco europeu fez com nosso povo. 

Leia e confira o que estou dizendo.

É um imenso prazer em entrevistar Thânisia ...

Olá, irmãos e irmãs.
Por ser viciada em escrever e ser “faladeira”, eu agradeço a oportunidade do Noticiário Periférico.
Vida longa ao Noticiário Periférico! Vida longa às Periferias!

Se Apresente, fale um pouco quem é a Thanisia Marcella?

R: Eu sempre caminhei por periferias, subúrbios e cidades interioranas. Eu nasci em uma periferia, a cidade satélite chamada Ceilândia, a cidade do Distrito Federal que mais tem jovens negros mortos, por ano. Morar na Ceilândia me ensinou muitas coisas, assim, como os meus quatro irmãos e os meus pais me ensinam todos os dias.
Graças ao esforço de toda a minha família e às histórias do meu avô, eu consegui entender que, por conta de algumas disparidades, o estudo pode se tornar tudo e, com o tempo, me esforçando para reverter uma reprovação que aconteceu no Primeiro ano do Ensino Médio, que eu teria sido obrigada a aceitar, não fosse o amor e a fé da minha mãe que me trocou de escola para que eu não tivesse que perder o ano, eu aprendi a estudar sozinha e me tornei uma das melhores alunas das duas escolas que eu passei durante o Ensino Médio. O esforço foi tão grande que, sem fazer nada mais que estudar a matéria passada na escola, eu passei, em primeira chamada, para Letras-Francês, na Universidade de Brasília, como aluna do Programa de Ações Afirmativas (Cotas Raciais).
A entrada na Universidade abriu alguns horizontes, trouxe alguns problemas de saúde, mais complexidade para a vida e desafios. Na verdade, trouxe tudo que se pode esperar para o caminho de uma jovem negra que cresceu com vontade de quebrar barreiras.
A primeira barreira, como jovem/adulta que eu tenho que enfrentar, é ter que conviver com a falta do meu primo que foi assassinado a poucos metros do meu lar. E isso tem feito a minha vida ser outra, desde 22 de julho de 2012. Com isso, eu comecei a pensar que a vida deveria tomar outros rumos...
Assim, eu causo confusão na mente das pessoas, se me perguntam o que eu sou e o que eu faço, e a minha maior vontade é que me perguntem se eu sou militante para eu tirar onda e responder como o Malcolm X respondeu a um repórter, em uma de suas aparições públicas: - Se eu sou o quê? Se eu sou militante? Não, eu sou o Malcolm. (No caso, eu sou apenas a Thânisia).


Quando você teve contato com o rap e a cultura Hip-Hop em?


R: Todas as minhas experiências musicais se iniciaram na minha convivência com a minha família. Eu cresci com a minha família materna que é formada por pessoas apaixonadas por samba da cabeça aos pés. Então, eu demorei um pouco a ouvir Rap e assimilar o que essa cultura pode nos oferecer. Contudo, eu lembro que, durante o breve período que eu morei com a minha tia, eu ouvia muito Rap sem saber o que era, pois, em todos os domingos do mês, alguns vizinhos abriam os
carros e passavam a tarde ouvindo Atitude Feminina, Liberdade Condicional, etc.
Quando eu voltei a morar com os meus pais, de fato, a minha relação com o Rap se estreitou, mas não foi através do meu pai, que era fã de carteirinha do “The Jackson 5”...
Em um final de semana, uma prima me chamou para dormir na casa dela, mas não me contou o que a gente ia fazer. Por volta das 20h, antes da minha tia chegar do trabalho, ela me arrumou, mas arrumou mesmo, com direito a batom vermelho, e disse que nós estávamos esperando alguns amigos dela passarem. Eles passaram e nos levaram para uma praça que estava rolando uma festa com som automotivo. Foi nessa festa que eu, moleca de tudo, soube que o que eu estava acostumada a ouvir, aos domingos, se chama Rap. Depois disso, muitas outras experiências vieram e eu soube, com a ajuda de outros familiares, quais são algumas das diferentes classificações dentro do Rap. E foi assim que começou a minha predileção por Black Music made in the USA.


Quais rappers que você admira? e porque?


R: Lauryn Hill e Erykah Badu – Por serem mulheres artistas independentes.

Edi Rock e Mano Brown – Pela trajetória, enquanto componentes do Racionais Mc’s.
Sabotage – Pela história de vida .
Tupac – Por ter sido um jovem “boca suja”, “pensa rápido” e amante da sua comunidade, pensando além do seu tempo, além de ser a representação do que é Thug Life.
Eduardo Taddeo – Por ser a representação do que é manter os pés firmes naquilo que acredita, sempre pensando em um coletivo, provando que nós precisamos de cérebros em constante atividade e não de Universidades lotadas de seres bloqueados.

Kendrick Lamar – Por ser o novo Tupac, levando em conta a irreverência, o pensamento rápido e a audácia, que pode ser notada em “Heaven and Hell”, onde ele coloca vários posicionamentos políticos em pequenas frases.


Além do Rap, o que você mais curte?


R: Tudo que tenha negras raízes, mas nunca me limito. Geralmente, ouço mais Samba, Blues, Jazz, AfroPunk, Música Independente (indie.), Reggae, Ragga, Funk, MPB e Afoxé, que é algo que eu sempre ouvia misturado com Samba, mas não percebia. Quando estou com a minha avó posso ouvir Moda de Viola e Roberto Carlos.


Qual a importância do rap e da musica negra em geral na sua vida? ela tem ou teve algum influência no seu dia a dia?


R: Tem uma frase que eu sempre ouvi em inglês e, agora, o Emicida tem passeado com ela estampada em algumas roupas, em português: “Hip Hop Saved My Life”. É a frase que marca o meu contato com a música negra, que mudou a minha vida. A música bem feita e bem entendida é primordial para o crescimento emocional de uma pessoa, pois ela nos dá a sensação de pertencimento e o sentimento de “eu estava pensando
sobre isso ontem”. Por isso, a música negra é uma espécie de libertação para os povos negros. Nós podemos perceber isso no documentário “Soundtrack For a Revolution”. Eu penso muito rápido, falo sem pensar, falo alto e não dimensiono muito do que eu digo, mas a música me acalma e me faz processar melhor o que eu estou querendo fazer. Assim, ouvir música e pesquisar o que eu quero ouvir sempre foi importante para mim.


Quem é do Rap de verdade conhece a Ceilândia das Letras de rap e pela quantidade de grupos que tem em Brasília. Mas você sendo moradora nos conte como é ser uma jovem e negra nascendo e vivendo na Ceilândia?


R: É “Para os mano da baixada fluminense à Ceilândia. Eu sei, as ruas não são como a Disneylândia” ... Bom, o cenário cultural da Ceilândia não é o mesmo da outra década. Hoje, nós pouco encontramos alguma festa produzida por moradores ou tendo como artistas principais os vários artistas que moram na cidade e que são de renome nacional. Por isso, deve estar tão difícil conhecer a Ceilândia dos anos 2000.

A Ceilândia é conhecida como uma das maiores cidades da América Latina e é sempre indicada como uma cidade posta no hall das desfavorecidas pelo recorte de classe. Porém, sendo negra e filha da cidade, a minha visão da cidade não é somente essa. Os Mapas da Violência de 2012 e 2013 apontam o DF como um dos estados que mais mata jovens negros em todo o Centro-Oeste. Além de constatarmos a poluição ambiental, visual e sonora. Eu sinto que nós estamos perdidos em uma montanha russa que não consegue se desligar sozinha e alguém está com a mão no botão de stop, mas não quer desligar. Morar aqui é complicado, pois eu me sinto como um pintinho fora do ninho. Eu nasci aqui e moro aqui, além disso, quero ficar aqui por um tempo, mas a minha vida é distante dos garotos e das garotas que cresceram comigo. Eu estudo, eu faço projetos, eu tenho uma família completa, segundo os moldes sociais, e tenho a oportunidade de conhecer muita coisa que 90% das pessoas que moram aqui não têm.

Isso me faz sentir a responsabilidade de começar a trabalhar com alguma coisa voltada para a cidade e sair do eixo Plano Piloto.

Com quantos anos você conheceu o racismo? e como você reagiu?


R: Quando eu conheci o racismo eu não sabia que a maldade tinha vários nomes. Muito do que eu faço e do que eu falo, hoje, é consequência das coisas que aconteceram no passado. No passado, as coisas somente aconteciam e eu não problematizava.
A primeira vez que eu me senti mal por que disseram que algo em mim, decorrente da minha descendência genética e histórica, era inadequado, foi no meu primeiro dia de aula no Colégio Militar Dom Pedro II. Eu estava na fila e um monitor me disse que eu não poderia usar o cabelo “daquele jeito”. O Colégio segue as mesmas regras do Corpo de Bombeiros, ou seja, os cabelos, as unhas, as roupas, tudo deve ser no padrão militar.
Então, mulheres não podem usar cabelos soltos, a não ser que o cabelo não ultrapasse a linha da camiseta social que a gente usava por cima de uma camisa.
O meu cabelo era trançadinho e passava um dedo da camisa. Eu poderia, sim, ser repreendida, mas não houve nenhuma explicação e eu não fui instruída sobre como deveria usar. No outro dia, eu destrancei o cabelo e pedi para a minha mãe alisar. Assim, começou a saga da escravidão estética, que eu abandonei aos 17 anos. Provavelmente, eu sofri outros ataques antes disso, mas essa é a coisa mais marcante, pois não há nada pior para uma menina negra do que ser chamada de feia ou se sentir inadequada para o padrão, aos pouquíssimos anos de idade.


O Mano Brown diz mais ou menos assim: "Que o negro tem que ser 50 vezes melhor porque estamos no mínimo 10 vezes atrasado”. Concorda ou ele Exagerou?


R: Eu concordo com o Mano Brown e não acho que ele exagerou. Eu aprendi que a verdade dói. Porém, nós temos que ter cuidado quando soltamos uma frase de forma aleatória. Quem já ouviu muito “A vida é um desafio” sabe muito bem do que ele está falando, sabe que a música abarca alguns pontos da nossa realidade, mas quem não ouviu não sabe, além do mais, seria até pedir muito que uma música nos apresente tudo. Nós temos que ser, no mínimo, 2 vezes melhor, por que fomos sequestrados da nossa terra sem chance de dizer “sim” ou “não” e, hoje, o estado racista e a sociedade mais racista ainda não reconhecem que o povo negro não é escravo de uma minoria, por isso, estamos atrasados, infelizmente. Entretanto, ser atrasado não é um malefício enfrentado somente por nós negros, o Estado Brasileiro é o mais atrasado do Ocidente, em todos os aspectos Políticos, levando em conta que somos uma democracia.



Qual sua Opinião Sobre as Cotas Para Negros e Índios em Universidades Publicas?


R: Eu sou aluna cotista da Universidade de Brasília.
As cotas representam um grande avanço nas políticas públicas para a população negra, que é a que menos estuda no Estado de São Paulo, por exemplo, segundo o estudo Educação e Desigualdades na Cidade de São Paulo lançado pela Ação Educativa.
Os negros e os índios foram impedidos de ter liberdade, com as invasões de territórios, a busca por riquezas, a escravidão e outros processos.
Nós fomos impedidos de ter liberdade de escolha, liberdade de professar os nossas crenças e de viver do modo que as nossas tradições nos permitiam.

As cotas não são nada mais que obrigação, em alto nível, do estado de se retratar com as nossas perdas psicológicas, físicas, espaciais e materiais.
O Estado Brasileiro e a sociedade devem parar de achar que está prestando um favor a quem os carregaram nas costas desde que o Brasil é chamado de Terra Nova.

Vi uma foto sua ao lado do Paulo Paim e lá na sua placa com seu nome estava como Ativista do Movimento Negro de Brasilia, Thanisia. A Afro Brás é dos institutos negros de maiores respeito no brasil, promove o troféu raça negra e durante este troféu, já vi eles darem prêmio ao Banco Itau, Bradesco, homenagear Fernando Henrique, o Governador Alckimin, o Serra e o Vice Presidente Michel temer por serviços prestados ao povo negro. Como você analisa a Luta dos Movimentos Sociais do Movimento Negro? Existe um Movimento Negro Unido?


R: A foto foi tirada quando eu representei a Campanha A Cor da Marcha, durante a Audiência Pública “As recentes manifestações públicas na ótica da juventude brasileira”, na CDH. Eu fiquei muito preocupada com esse título de “Movimento Negro de Brasília”, pois o Movimento Negro Brasileiro é como uma árvore que possui vários troncos.
É muito complicado quando se coloca esse título para uma única pessoa participando de uma mesa que vai passar a opinião, ao vivo, em rede televisiva nacional, em uma terra onde há muita vaidade acadêmica e de posicionamento, ainda mais quando se espera que essa pessoa não falhe, ao falar.

Risos. As pessoas vão querer cortar o meu pescoço por conta do que eu vou dizer agora. Mas eu não posso fazer nada: Por ser generalizado, não existe, na face dessa terra, um Movimento Negro unido. Pode até existir em outros lugares, mas não em Brasília, não em São Paulo, não na Bahia, não no Rio de Janeiro. Em algum momento, nos tornamos vaidosos e, agora, vence quem for mais amador, no caso, quem jogar mais sujo. Apesar disso não ser uma totalidade e nem um malefício do Movimento Negro, pois tem muita gente dando o sangue para fazer algum trabalho bacana dentro das comunidades e instituições governamentais, independente da classificação que o seu movimento social tenha, essa é uma parte da realidade.
Pessoas sempre vão encontrar algum problema de relacionamento. O que devemos fazer para evitar as desavenças é manter o comportamento profissional, sem procurar divergências pessoais, usando a inteligência e a mandinga pessoal e de quem é ponta firme de verdade.

As lutas do Movimento Negro mundial respingam de forma agradável nas lutas do MN Brasileiro e Americano (Norte, Sul e Central), mas cada um tem a sua singularidade.
Eu valorizo cada ponto do “Black Panther Party for Self-Defense”, da luta pelos Direitos Civis, nos USA, e dos que trouxeram essas teorias para o Brasil.

Hoje, eu estou mais próxima de pessoas negras que realizam trabalhos institucionais em ministérios e secretarias, o tipo de trabalho que há anos os negros jamais poderiam realizar. Ou seja, temos um avanço, sim!

Contudo, por ser muito inquieta, eu acho que o Movimento Negro perdeu muito o processo do contato com o outro. Quando perdemos o contato com o próximo nos esquecemos de onde viemos ou morremos por dentro. Ficamos saturados.

Devemos continuar indo às salas de aulas, às ruas, às igrejas, às comunidades, etc, levando em consideração qual é a nossa época e o que precisamos para agora.


Não acha que na escola deveria ensinar muito mais sobre a história do Povo Negro? Existe algum Projeto de lei para isto.?


R: Sim, para as duas perguntas. O racismo que aconteceu comigo poderia ser evitado. Por isso, é importante o trabalho de base.
O trabalho de base é feito em escolas, comunidades, grupos, etc. Mas ele não existe se não houver algum reforço governamental.
Assim, foi necessário o lançamento de algumas políticas públicas que sancionassem leis. Uma das leis mais conhecidas é a lei “A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, que ressalta a importância da cultura negra na formação da
sociedade brasileira.”, e a Lei 11.645/2008 que insere a obrigatoriedade de História e Cultura Indígena.

O que achou das manifestação no Brasil? Acha mesmo que o povo acordou?


R: Por dias, analisando as tensões, antes de o primeiro grupo ir às ruas, eu tive o meu senso ativado e pensei que um dia a sociedade brasileira, talvez, fosse às ruas da mesma forma que as pessoas vão, em outros países. Mas eu imaginei isso sendo feito com algum posicionamento político apurado.
Nesse momento, de tanto pensar sobre isso, eu já estava na rua com um grupo de amigos negros e sonhando que tudo estava correndo bem, até receber a notícia de que um deles havia sido preso e sido torturado pela PM.
O meu amigo é negro, como eu, e as acusações infundadas feitas pela PM sobre o comportamento dele e as marcas do espancamento não causaram indignação nenhuma em ninguém.
Nos outros dias, eu continuei indo às ruas, até que começaram as conversas racistas.
Assim, eu voltei para a minha casa e decidi que não participaria mais de nenhuma “Marcha do Vinagre” ou da juventude branca cansada de jogar videogame.
O povo não acordou. O povo levantou da cama dormindo e foi às ruas, como se fosse uma segunda-feira de trabalho odioso em uma empresa chata.


Antigamente a mulher pra cantar rap tinha que se "Masculinizar", cantar grosso, usar calças larga, e eram poucas mulheres no rap. Também tinha letras machistas como "Mulheres Vulgares" e "Estilo Cachorro" do Racionais Mc's, e antigamente eu não via mulheres batendo de frente com este machismo do rap, hoje vejo as mulheres se impondo sobre este fatos como no fato da musica do Emicida "Trepadeira". Hoje em dia o rap ainda é machista? E como você vê o atual posicionamento feminino no rap e sobre o machismo que tem no rap?


R: O Rap é machista. O Samba é machista. O Funk é machista. O mundo tem um pacto, que parece sem fim, com o machismo.

As minas estão entrando com tudo no Rap e levando a vivência feminina para um ambiente totalmente masculino. Isso deve gerar algum abalo positivo e/ou negativo. Contudo, devemos observar para além das porcentagens, pois, se uma mina diz algo que nos remeta à uma vivência que é perpetuada pela ideia de que as pessoas, sendo diferentes geneticamente e historicamente, devam receber tratamentos diferentes, essa mina está perpetuando a tese do machismo ou do racismo ou de qualquer outro “ismo”, dependendo da ação.

Não é o gênero que vai mudar alguma coisa, serão as vivências e as percepções contra os preconceitos.

O próprio feminismo não percebeu isso. O feminismo nem percebeu que existe outra dinâmica com mulheres negras. Por isso, existe o feminismo negro, pouco difundido e conhecido.


Pegando o Gancho, muitos veem o Feminismo como uma arma contra o homens, você poderia esclarecer qual a essência e a luta do Feminismo..?


R: Risos. Viu como o feminismo é problemático? Parece que ninguém conseguiu deixar claro que o feminismo não é uma luta contra os homens. O feminismo é uma luta contra as opressões sofridas pelas mulheres, penso eu. Existe homem feminista!

Risos. Eu não sei nada sobre feminismo. Eu sei que uma pessoa não pode passar por cima da outra, na forma simbólica e na forma literal. Se eu tenho que me impor diante dessas opressões e para isso elas precisam ter nome, tudo bem, que se chame feminismo. Mas para mim não precisa ter nome.

Apesar de dizer que não sei nada, eu tenho uma visão a respeito. E penso que a complexidade do feminismo é parecer que ele, hoje, é dominado pela academia (universidades).
A maior falha do feminismo é a mesma de vários movimentos sociais nacionais e internacionais: tornar uma luta como sendo base de todos os males e esquecer que existem outros problemas, como o racismo, etc.

Eu posso ser sindicalista, eu posso ter preferência pelas lutas classicistas, eu posso ser feminista, eu posso ser várias coisas, mas eu devo considerar as outras formas de vivência que são resultado de privações de liberdades.


Vi isto no programa da tv cultura Provocações....

Teve alguma Pergunta que você gostaria que eu fizesse..?
Como você responderia ela..?


R: Risos. Vou te aliviar, então. Porque eu gosto de zoar. E farei duas perguntas. P1: Você parece amar mesmo o Rap. Você viu que algumas pessoas estão tatuando os ídolos? Se você pudesse e quisesse, tatuaria quem?

R1: Eu amo Rap mesmo. Eu vi que algumas pessoas tatuaram o símbolo do Psirico e o rosto da Anitta. Eu tatuaria o rosto do Tupac para eu lembrar como eu era idiota com 21 anos. Na real, eu vou tatuar algumas frases do Tupac. As minhas amigas dizem para eu não fazer isso, mas eu não me importo. Eu só preciso fazer logo para não parecer idiota. P2: Você tem algum sonho? Qual seria ele?
R2: Terminar a graduação, em Letras; continuar estudando para fazer outra graduação e trabalhar com cooperação internacional somando comunicação social e trabalhos em prol dos direitos humanos.

Para terminar a Entrevista Indique 2 livros, 2 musicas, 2 álbuns e uma frase.

R: Livros: Insubmissas Lágrimas de Mulheres – Conceição Evaristo
Negras Raízes – Alex Haley Música: Do For Love - Tupac Bitch Don’t Kill My Vibe – Kendrick Lamar

Álbuns: The Miseducation of Lauryn Hill – Lauryn Hill
Canta, Canta, Minha Gente – Martinho da Vila

Frase: Only God can judge me now (Somente Deus pode me julgar agora). Tupac Amaru Shakur


Obrigado pela Entrevista.. e deixe seu recado sua mensagem aos leitores Thanisia..


Não acredite em tudo aquilo que vê e/ou ouve. Seja independente. Seja a sua mídia. Seja a sua literatura. Seja a sua vida. Seja a sua correria. Seja o seu sonho. Seja a sua vontade. Seja a sua história. Seja o seu trabalho. Seja o seu estudo. Seja o que você espera que sejam para você. Teóricos são bons. Teorias são boas. Mas só você faz a sua. PARE DE REPETIR O QUE ALGUÉM DISSE. PENSE SOBRE O QUE ALGUÉM DISSE.
Estude a história do seu lugar de nascimento, a história do local que você mora e a sua história de vida. Isso responderá muitas perguntas do seu coração, te levará a encontrar a paz que você precisa para continuar vivo, te fará forte e te fará saber que nada, nessa vida, é por acaso, pois somos todos espíritos. Isso é terapêutico!


Luz e bem! Thânisia Cruz (21) é negra, Ceilandense sonhadora, primogênita de cinco filhos, estudante de Letras-Francês, Educadora Popular por missão, Cidadão Global sem nunca ter saído do Brasil e integrante da Campanha A Cor da Marcha.

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