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"As pessoas cantam música de preto, mas fecham o vidro do carro nos sinais", diz Emicida




Enquanto divulga o novo álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa - disponível por streaming no Deezer, no Spotify e no Radio - o rapper paulista Emicida aproveita para desconstruir preconceitos e levantar debates sobre mazelas sociais. Em entrevista ao Viver, falou sobre o engajamento ideológico, as inspirações do disco - fruto de viagem à África - e a produção de documentário nos moldes do clipe Boa esperança. Confira:

>> ENTREVISTA
“As pessoas cantam música de preto, mas fecham o vidro do carro nos sinais, o que é horrendo. É esse tipo de barreira que eu tento quebrar.”



A viagem rumo à África era um projeto antigo? Já havia estudado essa possibilidade antes? O que o impulsionou a realizar esse plano agora?
Eu tinha sonhado com essa parada, mas como uma coisa de pesquisa. Mas pintou essa possibilidade, então decidimos que o disco seria fruto dessa viagem. Tivemos a oportunidade de alugar um estúdio lá, pude dar minhas impressões sobre o lugar. Foram 20 dias, entre Cabo Verde e Angola. Sou um sortudo. Não tinha cronograma, nem orçamento para permanecer, então tive que voltar e finalizar o disco no Brasil.



O álbum tinha que conversar com o Brasil. A ideia foi nossa, antiga, a gente acredita que é importante falar sobre os ancestrais. Entretenimento e as aulas de historia sempre superficializam a contribuição dos afrodescendentes no Brasil, o papel dos negros. Falamos da favela, da quebrada. Agora nós queríamos ir mais fundo, às raízes. As pessoas que inspiram nossa música são descendentes dos africanos escravizados. Quisemos falar sobre eles. Os europeus e a colonização cortaram alguns dos nossos laços.

Você gravou com músicos locais, da África? Como os conheceu? Como funcionou esse contato, essa parceria?
Eu ouvia, há algum tempo, músicas de Angola e de Cabo Verde. Pesquisamos na internet. Buscamos contatos. Chegamos a esses contatos, que se destacavam no trabalho desenvolvido na região. Montamos um trio fenomenal. Sentimos pela atmosfera dos lugares que Cabo Verde era um lugar mais tranquilo, Angola era mais pesado. Quisemos misturar. Músicas como Madagascar e Chapa têm cordas maravilhosas, que remetem ao chorinho. Nos influenciamos muito por percussão, com elementos como o semba, que deu origem ao samba. E o tianda, que as pessoas acreditam que é um samba rock. No Brasil, entendemos como samba rock. Mas na raiz é tianda. 

“Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” (Laboratório Fantasma/Natura Musical). Como chegou ao título? Você diz que sinalizam uma lista de coisas com as quais se deparou por lá. De que forma te marcaram, essas especificamente, a ponto de se tornarem título do projeto?
A energia das crianças é a coisa mais pura que você pode ter. Eu pude conviver com essa energia, com esse olhar. Eu vi isso nas crianças. Eu queria falar com elas, falar sobre elas. Eu via os batuques, as batuqueiras estavam dançando o batuque e eu as observei, sem a visão sexista que temos no Brasil. E pude ver que aqueles quadris rebolavam como mulheres livres, não para atrair os homens. Aquilo me chamou a atenção. Era um movimento livre, parecia uma espécie de oração. E a referência aos pesadelos é para reforçar que, no meio de todos os pesadelos, as pessoas ainda seguem suas vidas.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA AQUI

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