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13 anos depois sai do mocó a ultima entrevista do SABOTAGE

 A revista TRIP hoje soltou a ultima entrevista concedida pela Sabotage a entrevista é enorme o sabota fala sobre sua vida,maconha,filme,rap família, crime e varias fitas.
FOTO: Marcio Simch
Um galo velho da vizinhança e um despertadorzinho de camelô, como o prefixo da  alvorada de Mano Brown no disco novo dos Racionais, tiraram Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, da cama naquele 24 de janeiro. Tudo sempre igual na favela do Canão, zona sul.
O cara catou a mulher pelo braço, como fazia quase todo santo dia, para levá-la ao trampo. Andava sossegado. Do tipo que chuta tampinhas pelas calçadas. E assobiava baixinho “O Meu Guri”, de Chico Buarque, a sua preferida. “Vivia na paz e cumprimentava todos os manos e todos os velhos, no respeito”, conta Maria Dalva, 28, a “patroa”. Rapper cordial, treta zero — havia pelo menos quatro anos que não se metia em broncas.
Por que o nome Sabotage? Meu irmão que já morreu vivia me chamando de Sabotagem. Você trabalha no tráfico e não vai preso — isso, para ele, era uma espécie de sabotagem. Na época eu não sabia o significado da palavra. Hoje, quase oito anos depois, eu já entendo. Sabotagem é um ato terrorista.
Mas a mensagem das suas músicas não chega a ser assim tão violenta… É bem antiviolência. Vi meu irmão assassinado com treze tiros no Jardim Arthur Alvim [zona leste de São Paulo]. Vivi a violência e cheguei à conclusão de que não adianta. Se eu usar da violência contra quem matou meu irmão, vou perder dois irmãos. É um cuzão filho da puta? Como todos nós, filhos da puta e irmãos. A violência é a maior besteira.
Hoje você está casado, construiu uma família. Você se considera um sobrevivente? [Aponta para um senhor gordo do outro lado da rua] Ali é meu sogro. Ele fica mordidão porque eu fumo maconha. Ele me vê na televisão e diz que não sou eu. Só me chama de Maurinho... É daqueles caras do interior, humilde. Repara bem: a bicicleta dele tem um motor de moto. O velho é mil grau, uma inspiração que a gente tem. Trabalha pra caralho e não fala da vida de ninguém. Pode chegar e perguntar: “Você viu o cara do 44?”. Ele mora no 43, mas vai dizer que não viu nada.
FOTO: Gilvan Barreto
Quando você era criança, o que era a violência da favela? Na minha época, eu passava fome, mas tinha os caras do crime que falavam: “Você não vai nessa fita, não. Fica aí que, se arrumarmos um dinheiro, nós te damos”. Hoje isso mudou, a droga é mais forte e o crime, mais pesado. Você vê moleque de 14 anos com arma 9 mm dando tiro que nem louco na porta do salão. Você vê cara colocando roupa da Eletropaulo [a companhia de luz de São Paulo] e estuprando as minas por aí. O bagulho tá louco, mano, e a tendência é piorar… Emprego só tem na Polícia Militar. Aí o cara vira polícia, sabe que você conhece o morro e vai te atazanar para o resto da vida.

Você nasceu na favela, não foi? Nasci na favela do Canão, onde hoje tem a [avenida Águas] Espraiadas [centro-sul de São Paulo]. Mas defendo a tese da periferia toda. A fome e a pobreza falam a mesma língua, assim como os ricos. Para eles é festa todo dia, de segunda a sexta, balada de mil grau, sexo e gomorra, tá ligado?

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