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Procura-se: poeta busca leitores de literatura negra feminina


Por meio de postais digitais, Elizandra Souza está em busca de pessoas que queiram conhecer mais da literatura contemporânea brasileira feita por mulheres negras

“Procura-se leitores de literatura negra feminina”. Esta é a provocação do novo projeto da poeta e jornalista Elizandra Souza, que busca, através de postais digitais, sensibilizar as pessoas para conhecerem e consumirem a literatura negra feminina feita às margens, como a dela própria, entre outras publicações do selo Mjiba. A recompensa é conhecer mais da literatura contemporânea brasileira feita pelas mulheres negras.
A ideia surgiu, segundo Elizandra Souza, após identificar e vivenciar a invisibilidade das mulheres negras no universo literário, especialmente o alternativo. “Apesar de termos um aumento no número de escritoras negras, vindas de periferia, que fazem uma literatura às margens do mercado, ainda não temos leitores e digo isso entre nós mesmas: nós não nos lemos. Ou pelo menos não o fazemos com a frequência que seria necessária para nossa literatura se pulverizar em diferentes espaços. É claro que estamos avançando, mas ainda precisamos de leitores. Por isso,  lanço esta campanha. Quem sabe encontramos leitores?”, disse.


A ação começou no mês de julho em alusão ao Dia da Mulher Negra Afro-Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25. “É uma data importante para nós, mulheres negras. Trazer para o debate a nossa literatura é fundamental, a fim de compreendermos os caminhos que trilhamos e para onde estamos indo com o que produzimos”, refletiu.
Estampam os postais escritoras como Jenyffer Nascimento, Raquel Almeida, Nayla Carvalho e  Tina Mucavele, de Moçambique, além dela própria. Todas elas são autoras publicadas pelo selo criado por Elizandra, o Mjiba – palavra de origem chona que significa Jovem Mulher Revolucionária. As autoras supracitadas possuem textos no livro “Pretextos de Mulheres Negras”, lançado em 2013, com coordenação de Elizandra Souza e Carmen Faustino. A obra reúne 22 autoras negras e teve distribuição gratuita de exemplares no lançamento.


“O Pretextos de Mulheres Negras foi uma provocação e foi uma provocação bem sucedida. Quisemos mostrar que existimos enquanto autoras negras e que produzimos uma literatura de qualidade. Distribuímos exemplares no lançamento para que não houvesse desculpas quanto ao consumo da nossa literatura”, destacou.
Entre os livros está também o “Águas da Cabaça”, publicado por Elizandra Souza em 2012, cinco anos após o lançamento da primeira obra, “Punga”, em co-autoria com Akins Kintê. O livro traz poesias feministas, com temáticas que passam por amor, liberdade, violência contra a mulher e a necessidade da escrita negra feminina nas periferias de São Paulo. A obra é dividida em cinco capítulos e traz ainda citações de escritoras negras da diáspora africana como Paulina Chiziane, Conceição Evaristo, Maria Tereza, Zara Neale Hurston e J. Mozipo Maraire. Além disso, conta com ilustrações de Renata Felinto e Salamanda Gonçalves.
Outra obra em destaque nos postais que tendem a inspirar novos leitores é a “Terra Fértil”, de Jenyffer Nascimento, publicado em 2014, também com organização de Elizandra Souza e Carmen Faustino, com uma reunião de textos publicados em diferentes antologias, como Pretextos de Mulheres Negras, Sarau do Binho, entre outras.

Assim, com estes livros, a poeta pretende instigar a atrair novos leitores.  Os postais estão disponíveis na página dela no Facebook e os livros podem ser comprados também diretamente com a escritora.


Serviço  - Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas na página fb.com/elizandramjiba 

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