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Rincon Sapiência lança novo videoclipe no Dia da Abolição da Escravatura

A morte do senhor de engenho   
Rincon Sapiência propõe nova narrativa sobre a Abolição no seu novo clipe, dirigido por Nixon Freire


No dia 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, o rapper Rincon Sapiência lança o videoclipe da música “Crime Bárbaro”, faixa de abertura do seu premiado álbum de estreia “Galanga Livre” (2017). Protagonizado pelo próprio artista, o clipe retrata a fuga do escravo Galanga, personagem fictício criado por ele, que se vê diante da sua liberdade após matar um senhor de engenho. A data de lançamento foi escolhida propositalmente, na intenção de trazer uma nova narrativa sobre a Abolição, episódio histórico polêmico para a comunidade afro-brasileira, cujo personagem principal foi uma princesa branca.

Com direção e roteiro de Nixon Freire, o videoclipe traz cenas de uma perseguição policial, onde o agente da lei encarna a figura do capitão-do-mato, encarregado da captura de escravos fugitivos. Entre tiros e bombas, Rincon assume a figura de Galanga e empreende sua fuga, se desvencilhando de seu algoz durante a correria, em imagens que trazem dinamicidade às cenas e reforçam a temática do clipe. Desse modo, a narrativa propõe uma metáfora sobre a violência e o genocídio que persistem contra os negros no país, evidenciando os resquícios da escravidão e a permanência do racismo institucional, mesmo 130 anos após a sua Abolição oficial, em 1888.

Na faixa, que conta com um riff de guitarra sampleado de Tom Zé - extraído da música “Jimmy, renda-se!” - Rincon Sapiência descreve em versos a saga do escravo, procurado por ter matado o senhor de engenho que maltratava seus semelhantes. Fugindo pela mata, Galanga leva na pele as marcas da tortura, que se somam ao rancor gerado por outras atrocidades cometidas contra o seu povo, como a proibição das danças e das religiões afro-brasileiras. Resquício da intolerância, a crueldade desses acontecimentos traz à tona o tema da desagregação social gerada entre os negros durante o período da escravidão moderna, um dos fatores que implicam diretamente na sua autoestima.

Com o lançamento do clipe, Rincon põe em discussão pontos cruciais sobre as heranças malignas que ainda hoje permeiam o imaginário dos afrodescendentes, que muitas vezes os privam de uma autoimagem positiva a respeito de si próprios e da sua herança cultural. Com isso, o rapper propõe uma nova versão da Abolição da Escravatura, desta vez protagonizada pelos próprios negros através de sua luta cotidiana.

O videoclipe estará disponível dia 13 de maio no canal do artista no YouTube (www.youtube.com/rinconsapiencia).


FICHA TÉCNICA - VIDEOCLIPE

Produtora: Delicatessen
Diretor: Nixon Freire
Elenco: Rincon Sapiência e Mario Mattias
Diretor de Fotografia: Nixon Freire
Produção Executiva: Davis Fabri, João Luz
Edição: Renan Chagas
1AD: Pablo Bardehle / João Barros
Pós Produção: Warriors VFX
Cor: Bleach
SFX: Lou Schmidt/ Antfood Sound
Efeitos Especiais: Martão
Stylist: Ana Wainer
Make-up : Aline Mattias
Gaffer: Hugo Nyerges crew
Grip: Rodrigo Fidelis crew
Technocrane: Sandro Galvão
1AC: Fernando Menudo / Jorge Dayeh
2AC: Carol Osório
Diretor de transporte: Roberto Luís

Agradecimento: Aymê Segatti / Marc Films/ Sandro Galvão/ Disk Films

+Galanga Livre
Tido como um dos destaques do ano no cenário musical brasileiro, o álbum “Galanga Livre” rendeu a Rincon Sapiência três troféus do Prêmio Multishow 2017 nas categorias "Artista Revelação", "Melhor Produção" e "Melhor Capa", liderando as indicações do Superjúri ao lado de Chico Buarque, além de figurar na lista da APCA entre os 25 melhores álbuns nacionais do primeiro semestre. Aprimorando a originalidade de suas composições, já marcadas por influências do rock e das músicas africana, eletrônica e jamaicana, no novo disco o rapper revela maturidade poética e musical em 11 faixas e mais duas bônus tracks.

A notória negritude que distingue o trabalho de estreia do Mc paulistano se faz sentir nos ritmos, que vão desde a capoeira até o blues, passando pelo coco e pela tropicália, até o afrobeat, permeadas pela sua veia rock and roll característica. Atestando o seu talento como produtor, as músicas foram todas produzidas pelo próprio rapper, com exceção de “Amores às Escuras” (Gambia Beats).

O álbum contou com a coprodução musical, mixagem, e direção do experiente William Magalhães (Banda Black Rio), união que conferiu o equilíbrio entre a ancestralidade e o moderno. Mixado por Arthur Joly (Reco-Master) “Galanga Livre” exalta sonoridades das raízes africanas, combinadas com letras que abordam a consciência e a valorização da afrodescendência no Brasil contemporâneo. Lançado pelo selo Boia Fria Produções, o conjunto da obra rendeu as bênçãos de três grandes referências de Rincon Sapiência, os rappers Xis, Mano Brown e Black Alien. Os elogios dos veteranos estão registrados no belo encarte que acompanha a versão física do álbum, que desde o lançamento tem sido aprovado pelo público e pela crítica especializada.

Atestando o porquê do seu vulgo Manicongo, no disco o “Senhor do Congo” da Zona Leste de São Paulo cria a sua narrativa sobre o crescente empoderamento dos pretos e pretas no Brasil. A história se desenvolve a partir da saga de liberdade do escravo Galanga, personagem de um conto fictício criado por Danilo Albert Ambrósio, o cidadão do mundo que vive por trás de Rincon Sapiência. Após sua fuga, Galanga passa pela quebra das antigas correntes que prendiam o ex-escravo, que agora liberto se aventura pelas ruas da cidade grande, numa mistura de ficção e da cruel realidade rotineira dos grandes centros urbanos. No caminho, as músicas são a trilha sonora do relato sobre as armadilhas da opressão secular que se impõe ao povo preto e as vias conscientizadoras para se escapar dela. Transitando entre uma África onde viveram reis e rainhas e a África diaspórica futurista que hoje ocupa as metrópoles, Galanga desfila livre e imponente o orgulho de suas origens através da afirmação política e da estética preta.

O resultado é uma sequência de afro raps intensos, que alternam na medida doses de um discurso cortante sobre a autoafirmação dos afro-brasileiros com baladas mais sutis sobre temas cotidianos que, ainda assim, conservam um olhar crítico. Tudo isso é balanceado pela habilidade nata de Rincon Sapiência em jogar com as palavras e por sua notável fome de rima, que o consagraram como um dos Mc's mais talentosos do rap nacional. No álbum “Galanga Livre” sente-se a força da versatilidade do rapper, revelada pela total imersão no processo criativo de suas músicas desde a ideia inicial até o produto final. Assim, o disco sinaliza a evolução de suas produções independentes, expondo como Rincon tem escurecido o seu verso e a sua música através de uma postura de afrontamento no debate da identidade preta na atualidade.

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