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Meire D’Origem fala conosco sobre sua caminhada, seus corre e o lançamento do seu clipe "Na Luta", com part. Cris SNJ e Preta Ary.



Meire D'Origem lança o clipe ‘’Na luta’’, que nasceu no início do ano de 2018, com a ideia de protagonizar a vivência de inúmeras mulheres adeptas a cultura Hip Hop, muitas vezes silenciadas e apagadas dentro de seu contexto histórico. As mulheres sempre estiveram no corre, no front, na luta e essa música tem como principal objetivo, representar todas essas guerreiras e suas conquistas 

Tivemos o prazer em troca uma ideia com esta grande mc do interior paulista, Meire do grupo D' origem, que com fé e muito corre vai lançar o EP "A Profecia".

Antes de começar a entrevista se liga nesta declaração da Meire sobre o som "Na Luta".

‘’Quando escrevi o som não tive dúvidas de quem convidaria para ele, a princípio chamei a Cris SNJ, por sempre ter sido referência para mim. A Cris SNJ é especial, as rimas dela me faziam acreditar, “Da mina da escola a mina que sobe no palco e rima, se tem um objetivo lute que Deus ilumina”. Eu simplesmente cantava esse som como um louvor, entoava mesmo, virou uma espécie de oração e anos depois a conheci, fizemos alguns shows juntas e ela topou imediatamente. A algum tempo já conversávamos sobre ter um som juntas, em seguida chamei a Preta Ary, por ela ser uma mulher que está ai “Na luta” ao meu lado no grupo D’origem a 11 anos, e ela mais do que ninguém me conhece e sabe a necessidade que temos de gritar para outras mulheres como nós são apagadas, que sim é possível.’’ 


É um imenso prazer te entrevistar, Meire.

Sou fã do D'origem desde o lançamento do single "De Origem Africana".

Bora para as perguntas.

- Obrigada é sempre bom ouvir que a mensagem está chegando, fortalece saca?!

Pra quem ainda não te conhece. Se apresente, quem é Meire?

R: Bom, sou a Meire D’origem, mais meu nome de batismo é Simeire, muitas pessoas não sabem. Sempre tive muita vergonha do meu nome, não gostava, parece que sendo Meire eu conseguia fugir do que carregava com o nome, isso mudou. A militância me fez aceitar quem sou, de onde venho e principalmente entender pra onde quero ir. Sobre quem sou, filha da Paulistana Floriza e do Baiano Elizeu, mãe da Júlia Ágata, 32 anos.

Como, quando e onde você descobriu que tinha o DOM de cantar rap?

R: Na real costumo sempre dizer que eu não escolhi ou me descobri, eu fui escolhida fui descoberta. Eu já ouvia Rap desde criança porque sempre morei na perifa, me envolvi com a criminalidade, era muito rebelde, eu queria ser vista, ser querida, ser aceita, pois bem o Rap me quis, me viu, me aceitou como eu era. Eu tinha 15 pra 16 anos quando comecei a cantar e nunca mais parei, eu me envolvi com a dança (breaking) era tudo mágico, e como parar com algo que te faz tão bem?!


Você é de São José dos campos, região do Vale do Paraíba. Mas a pergunta que não quer calar é: O que tem na água do Vale que só tem Mc zica?

Como é a cena Hip Hop no Vale?

R: Sim sou Joseense Nata (Nascida em São José dos Campos), e sim aqui te muitos Mc’s zikas, inclusive sem visibilidade, sem ascensão, muita gente lutando de verdade com amor pra fazer o trampo virar, acho que o segredo é esse, aliás acho que não tem segredo o ingrediente principal sempre será o amor, o foco, e a fé. A cena aqui é forte, muita gente envolvida como falei a cima com amor, acho que o que faz valer, é a crença no Hip Hip como um todo, como ferramenta de transformação social saca? Como em qualquer outro lugar também rola boicotes e também rola as invizibilização de corres importantes e legítimos, mas acho que isso nem conta por que quem é de verdade está junto trabalhando coletivamente uns pelos outros, está unido, porque a união faz a força.

Ano passado durante a entrevista com a Lívia Cruz, dentre várias fitas que você falou, você disse que quando formou o D'origem praticamente não existia mina na cena do Vale. Como tá a cena hoje? Evoluiu?

R: Sim, é fato, quando iniciamos existiam muito poucas minas, quase nem uma, poucas continuaram na cena, algumas saíram e voltaram, outras não voltaram mais, tivemos grandes antecessoras e grandes apoiadoras e acho que o nosso desejo em fortalecer outras mulheres resultou em algo bom. O mérito não é nosso e sim delas mesmas, mais é muito bom saber que fazemos parte, que somos parte desta história, a cena ou movimento hoje proliferou muito, muito, eu poderia listar inúmeras mulheres que estão fazendo revolução através das rimas e que são daqui, do Vale do Paraíba. E digo mais ainda tem muito ais a ser vistos, tem minas brabas iniciando aqui, só posso dizer, preparem-se!

Você é conhecida pelo seu trampo no D'Origem. Porque resolveu lançar um trampo solo?

R: Sim, D’origem não é o começo de tudo, mais acho que posso afirmar que é onde tudo fez sentido sabe? Acho que é onde eu me encontrei enquanto MC , na real eu não resolvi, meio que aconteceu, eu ainda sou meio quadrada para algumas fitas saca? Mais a Preta Ary e outros manos do nosso convívio sempre falavam de fazermos esses trampos solos, eu até demorei, acho que a Preta é mais madura que eu neste sentido, mais ai os convites começaram a aparecer, para Cyphers, participações e shows, entre outros convites e eu fui indo, deixando literalmente a vida e o RAP me levar e eis me aqui, rs Mas o D’origem pra mim ainda continua sendo o amor maior.

Divulgação
Como surgiu a oportunidade desta parceria e qual a sensação de dividir uma track com a Cris?

R: Olha eu nem sei ao certo como falar sobre isso porque ainda é tão intenso e tão surreal pra mim, acho que o RAP principalmente o rap feminino tem dessas coisas sabe? Você ama admira, é fã da pessoa e de repente ta numa mesma track com ela... é demais... Bom o que aconteceu foi que quando a Cris veio pra São José nos chamou para fazer parte do seu show, e eu a convidei para fazer parte desta track, inclusive acho que os manos tem muito que aprender com essa mulher, porque ela é uma pessoa de verdade, está nessa parada por amor real saca? Ela fortalece as suas e os seus, e agrega a todos que pode, enfim, não é puxa-saquismo não, é só dar os créditos a quem merece os créditos. Bom, além de tudo Cris me presenteou com o Beat do Caio é mole? Um beat sinistro daqueles bicho? E ainda tem a Preta Ary, minha amiga que eu tanto amo e admiro... Rs só posso dizer que sou uma Mulher Mc de muita sorte.

O som "Na Luta" ele passa muita foça! Como foi todo o processo de criação e inspiração deste som?

R: A gente quis passar uma ideia de força mesmo, de representatividade, lembro que a Cris falou: “A gente podia falar sobre a mulher preta da periferia que luta diariamente”, ai foi só sentar o dedo na caneta que as ideias já tinham aflorado, inclusive o nome do som veio pós letra escrita onde todas nós falávamos da mesma coisa, porque é isso é o que vivemos, é o que sentimos, é real.

Assista:



Antes do som "Na Luta", você lançou o single "A Profecia" que tem o mesmo nome do Ep que você está para lançar.
Fale-nos sobre o EP, já tá pronto? quem assina as produções e etc.
O que você pode nos adiantar sobre este trampo? Alguma participação além da Cris? Tem data de lançamento? Fique “Avonts” para falar sobre.

R: Rs, Sim o sonho é o EP, a realidade é que ainda não está pronto, porque não é fácil, nada é fácil pra gente, ter grana, pra beat, gravação, mix e máster é foda, ter tempo pra escrever, enquanto se tem que trampar pra pagar o aluguel no final do mês, porque nós mulheres queremos ser multi, ou pelo menos tentamos. Eu vivo a realidade de milhões de brasileiras, sem formação, trabalho num trampo paralelo porque o rap por si só não paga minhas contas, não põe a comida na mesa, eu sou mãe de uma adolescente só quem é sabe o quanto ser mãe exige tempo, disciplina, dinheiro e responsabilidade. Eu saio as 7 da manhã de casa pro trampo e chego as 7 da noite, geralmente com sacolas pesadas do mercado, ai tenho que fazer a janta, porque deixo comida pronta pra minha filha e levo marmita pro trabalho, 22h estou em cima da cama exausta, cansada e só penso em dormir, nos finais de semana, faço alguns shows, e as atividades do coletivo que faço parte, entende a realidade da mulher? É por isso que as vezes geral pensa que é mi mi mi, ladainha, mais velho é muito foda, ser tudo isso e continuar sonhando, acreditando, continuar dizendo pra outras meninas e mulheres que precisam acreditar, e que também precisam continuar sonhando e muitas vezes nem mesmo quem está perto não valoriza, quantos shows com cache você acha que faço por mês? Na minha região?? É isso.. (Desabafo). Mais sigo “Na luta” acreditando em dias melhores, em pessoas melhores e deixando minha contribuição para esse universo, na medida do meu possível.

Pra terminar.

Teve alguma pergunta que não fiz? se teve qual a pergunta e a resposta.

R: Estou feliz com as perguntas e mais ainda de poder responde-las rs

Obrigado pela entrevista Meire.

Deixe uma mensagem para os leitores.

As manas e monas, desejo que tenhamos força pra conseguir continuar caminhando por entre lobos e leões famintos. Desejo que a união seja uma verdade, vivida e que a gente consiga acabar com o conto de que as mulheres são rivais, não somos, não devemos ser, porque juntas somos melhores, juntas podemos muito mais.

Aos Manos, quero agradecer a todos que apoiam, e fortalecem verdadeiramente o corre das minas, não só o meu, no geral mesmo. Não somos inimigos muito pelo contrário... Desejo força na caminhada e que possamos correr juntos independente de gênero ok?

Amo vcs, gratidão a quem leu tudinho rs 💓

CONTATOS:

Pag. Face/ Instagram: Meire.dorigem 
Email: meiredorigem@gmail.com / 
Canal do Youtube: Meire D'origem

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