Bueiro75 em parceria com AlendaSz, Paula Ana, Laraapio, Ruth Florhene, Filho do Sereno e Raissa Caldas lança o EP “Negreira”
Produtora Bueiro75 lança o Ep “Negreira”, e traz artistas como AlendaSz, Paula Ana, Laraapio, Ruth Florhene, Filho do Sereno e Raissa Caldas.
Portando 5 canções, o EP conectou o Samba, o Funk, o Reggae, o Soul e o rap numa obra de tonalidades diaspóricas.
O EP “Negreira – a música, a melodia e a história”, um projeto que envolve jovens artistas do interior baiano articulados/as à cultura hip-hop, promove um mergulho intenso na história e na produção da música negra nas áreas de Feira de Santana. A obra Negreira conta com cinco canções que mesclam o samba, o reggae, o funk e o soul por meio do rap feirense, cravando um diálogo com marcas antigas e modernas. Com a produção executiva da Produtora Bueiro 75 e direção musical d’AlendaSz, o EP teve os instrumentais produzidos por Laraapio a partir de vários estudos e coletas que resultaram em mais uma riquíssima obra para o cenário musical feirense e baiano de modo geral. E as novidades não param por aí, além de toda essa carga histórica, a produção do EP Negreira envolveu artistas a serem lançados na música feirense, como Filho do Sereno (Vitor Hugo), Ruth Florhene e Raissa Caldas, ou seja, um projeto que viabilizou espaços e condições de produção para jovens artistas da região. O time Negreira ainda conta com artistas como Paula Ana, AlendaSz e Laraapio.
A identidade visual do projeto ficou por conta do Sopro Coletivo e as fotos foram produzidas pela Produtora Bueiro75. O lançamento será no dia 27 de agosto, sexta-feira, em todas as plataformas de músicas.
Ouça:
Mais detalhes sobre o EP "Negreira"
A produção fonográfica do EP. Negreira misturou artistas negros/as de Feira de Santana e região que vêm estudando a história da música negra nesta área conectada a outras localidades baianas e diaspóricas. Negreira promoveu uma conexão de corpos e vozes contemporâneas com significados políticos, culturais e históricos da diáspora. As características do canto e resposta, por exemplo, identificável no Blues e no Jazz, também atravessam as ladainhas do Samba de Roda em Feira de Santana e municípios circunvizinhos.
Ruth Florhene, uma das artistas na obra, comenta que “Negreira remete a potência, mostra que a área 075 tem muito potencial a oferecer se for lhe dada a oportunidade de mostrar”.
Para ela, “construir Negreira foi um processo gostoso e divertido, acredito que para os outros também, para mim era tudo novo, minha experiência com a música antes era com a igreja, então ensaiava e cantava músicas que já existiam e algumas aulas sobre canto aqui e ali, mas nada que envolvesse sentar com um pessoal, ouvir um beat e escrever, pegar o microfone para gravar e construir com outras pessoas cada uma daquelas músicas, mas não qualquer música, uma música que convida o/a ouvinte a balançar o corpo, que convida a pensar naquele amor, tema que por vezes é complexo dentro do povo negro, e também convida a reflexão histórica, cultural, atual e emocional do nosso povo em diáspora”.
É na junção dessas diversidades e regionalidades musicais que a produção do EP Negreira buscou colocar em cena as temporalidades rítmicas que constituem a prática e a sonoridade da música rap, mas que aparentemente nela não estão.
Paula Ana, também compositora na banca, aponta que Negreira representa “o trabalho de pesquisa, inspiração e atualização da música negra a partir do que já fazemos nas áreas 75”. Ela afirma que “é prática comum de vários artistas da música daqui. Negreira soma-se a isso e ao mesmo tempo reconhece e reivindica isso para a construção do seu conceito. É uma valorização da produção local que se propõe a trazer nos beats, letras, identidade visual e etc. a historicidade das músicas que nos inspiram”. Paula destaca em Negreira “a expressividade criativa das letras, beats e flows”.
O Ep. teve como alvo adolescentes e adultos, mulheres e homens das zonas rurais e urbanas, produtores/as musicais que apresentem ligação com a cultura hip-hop e também com o samba de roda baiano. As canções atravessam referências históricas, sonoras e culturais do Rap, do Samba, do Reggae, do Funk e do Soul. A partir dessa vinculação histórica, a musicalidade do EP evocou técnicas de canto em coro que remetem ao universo das cantigas da escravidão e do pós-escravidão, valorizando assim as manifestações musicais da diáspora a partir de releituras e recriações conectadas ao rap e à cultura hip-hop.
“Preparem os ouvidos, pois Negreira é um trabalho para ser ouvido várias vezes até absolvermos sua completa capacidade de nos oferecer histórias, sensações e sentimentos. Pesquisem as referências, catem os samples, ouçam os recados”. (Paula Ana)
É das cantigas e dos corpos negros que esse Ep. é reflexo e fruto.
AlendaSz, artista que integra a Negreira, toma a obra como uma “fonte de energia e de autodefinição, como um dos diversos troncos sonoros que carregam as dores, as criações e as labutas na diáspora do povo negro”. O Ep, de acordo com ele, “permitiu construir mais conhecimentos sobre nós, nossos impasses, conflitos e nossas ações de autorganização por meio da cultura hip-hop no interior da Bahia. Agora é difundir esses saberes, essas energias e mostrar que o universo histórico da cultura hip-hop extrapola grandão as plataformas de música e suas fantasias disfarçadas de profundidade”.
Os estudos que permitiram a formação da matriz sonora do Ep. Negreira passaram pelo Jazz, pelo Blues, o Laughing Song, o Jongo, Ring Shouts, o Samba, o Reggae, o Soul, o Samba de Roda, todas essas expressões com marcas identificáveis na cultura hip-hop, em específico no rap. Nesse mergulho histórico, o EP Negreira foi sendo costurado e dosado em referências como Sandra de Sá, Carlos Dafé, Lauryn Hill, Nina Simone, Tim Maia, Armstrong, Cassiano, Elza Soares, Ella Ella Fitzgerald, Marvin Gaye, Luiz Melodia e Jorge Ben Jor.
Para Filho do Sereno, “participar da produção e composição no EP Negreira foi uma enorme satisfação. Para mim é mil grau poder compartilhar minhas vivências com a favela”.
Negreira reivindica uma atenção à cultura hip-hop de Feira de Santana e seu universo pluricultural de produção mobilizado por jovens artistas negras e negros. As linhas de diálogos ofertadas dentro do EP., envolveram desafios, estudos e busca por conhecimentos histórico-musicais nesse momento de demandadas reinvenções, o que permitiu um processo de retomada da produção fonográfica e a ampliação do repertório artístico na área 7Cinco.
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